A semana passada tive a oportunidade de participar em duas sessões que partilharam o mesmo tema global
De manhã, a sessão promovida pela Abreu Advogados, sobre Transformação Digital da Saúde e Telemedicina, com Alexandre Valentim Lourenço e Óscar Gaspar.
De tarde, a sessão promovida pela Eurodeputada Maria Manuel Leitão Marques, sobre Digital Technologies and Artificial Intelligence for Health, com Joana Gonçalves de Sá, Leonardo Chariglione, Birgit Morlion, Christel Schaldemose, Petra de Sutter, e Carlos Morais Pires.
Ambas tocando, por caminhos diferentes, no mesmo tema – a digitalização e a transformação digital na saúde.
Destaques rápidos de cada uma destas sessões:
- Telemedicina – a importância da experimentação que foi feita na crise da COVID-19 para o que possa ser permanente, devendo ser aproveitada a quebra de barreiras que ocorreu (antes que voltem a surgir) de doentes, médicos e pagadores (incluindo o SNS). Apenas a ressalva, muito enfática, de que a primeira consulta de um doente com um médico ter que ser necessariamente presencial (porque há ainda aspectos nessa primeira observação que não podem ser “passados” para o campo da tecnologia).
- Inteligência artificial – a importância dos dados, onde se possa alicerçar as aplicações de inteligência artificial, não pode ser descurada. Houve discussão sobretudo do lado da procura – confiança dos cidadãos, e utilização dos dados; Mas há que adicionar a parte da oferta – assegurar a qualidade da recolha de dados, assegurar a sua curadoria de maneira a que as aplicações que os usam possam dar resultados “com sentido”. A importância da regulação, embora não seja claro se todos têm o mesmo entendimento do que significa, e de como deve ser estruturada.
Deixo duas sugestões de leitura, um documento do EC Expert Panel on Effective Ways of Investing in Health (versão curta aqui) e o relatório Inofarma (sobre o posicionamento de Portugal neste campo).
(as nossas visões sobre a o papel da inteligência artificial são também “moldadas” implicitamente pelo entretenimento: 38 anos separam o livro de Ian McEwan e o filme de Ridley Scott!)

