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gabinete de crise, na rádio observador – vivendo com o coronavirus (39)

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O tema desta semana no Gabinete de Crise, Rádio Observador, foi dedicado às políticas de retoma da economia, com Pedro Brinca como convidado.

Além disso, houve o debate habitual.

Número da semana:  100 milhões de euros.

É aproximadamente o valor dedicado ao reforço do SNS no Programa de Estabilização Económica e Social. Este programa específico é só até ao final do ano de 2020. Sendo um primeiro esforço, acima do que já tinha sido o reforço de verba para o SNS previsto antes de aparecer a pandemia, é um valor que não vai esgotar as necessidades de financiamento adicional do SNS causadas pela COVID-19. É um sinal positivo, mas muito provavelmente insuficiente. Veremos nos orçamentos suplementares que irão surgindo o que será adicionado (porque também estou convencido que haverá mais do que um orçamento suplementar este ano).

A evolução nesta semana, infelizmente, foi mais do mesmo. A necessidade é agora de conter Lisboa mas não deixar que se arraste para o resto do país.

Média de novos casos diários por semana (semana “Gabinete de crise”, de 6ª a 5ª seguinte)

 Lisboa e Vale do TejoResto do PaísTotal nacional
8 a 14 de maio118110229
15 a 21 de maio15868227
22 a 28 de maio20634240
29 maio a 4 junho25925285
5 de junho a 11 de junho28942331

Nota: valores arredondados à unidade

Houve uma subida ligeira de internamentos, geral e em UCI, nos últimos dias, esperemos que venha a ser apenas pontual, e não uma inversão permanente numa tendência de descida. Poderá ser apenas o resultado esperado do desconfinamento gradual que está a ser realizado.

Mito da semana: As pessoas sem sintomas não transmitem a COVID-19. 

A evidência recolhida indica que as pessoas ainda sem sintomas mas já infetadas podem transmitir a COVID-19, e podem até ser responsáveis por cerca de 40% das novas infeções.

Este mito vem a propósito de alguma atrapalhação da WHO na comunicação, onde falhou fazer a diferença entre pessoas que têm uma carga viral da COVID-19 tão baixa que nunca chegam a apresentar sintomas (e por terem uma carga viral baixa, terão menor capacidade de transmitir a COVID-19), e as pessoas que têm uma carga viral alta mas ainda não apresentam sintomas, e que podem facilmente infetar outras pessoas antes de esses sintomas aparecerem. Como entre quem não tem sintomas em cada dia, temos uma mistura destes casos, pessoas com baixa carga viral e pessoas com carga viral elevada, e assim com elevada possibilidade de transmitir o vírus. Ou seja, apesar da confusão, não há qualquer motivo para alterar as regras de precaução que têm sido difundidas, desde o lavar das mãos, à limpeza dos espaços e à utilização de máscaras em locais fechados, com pouca circulação de ar fresco, e presença de outras pessoas.

Esperança da semana: o retomar cuidadoso da atividade económica, começando agora a recuperar dos efeitos negativos sobre a vida das pessoas em geral; sabemos que depois de um momento de preocupação muito grande com a doença, as preocupações com a economia, com a situação de emprego e com a capacidade económico ganharam progressivamente mais importância. Esta não é apenas uma questão económica, é também uma questão de saúde e de saúde mental. Como referiu recentemente o Miguel Xavier, que coordena o Plano Nacional de Saúde Mental, a “economia pessoal” é determinante da saúde mental – nas palavras que usou, “trabalho, remunerações, precariedade, condições de vida” e “dever-se dinheiro a alguém” é um dos fatores de risco mais poderoso para problemas de saúde de mental. Assim, o reanimar da economia tem também efeitos positivos na saúde. O que nós vemos na mobilidade das pessoas é que lentamente a utilização de transportes está a aumentar, bem como a mobilidade para os locais de trabalho. Não é um salto imediato, pelas precauções que vai sendo preciso ter, mas é uma evolução que começou até um pouco antes da data oficial de desconfinamento, 4 de maio.

Autor: Pedro Pita Barros, professor na Nova SBE

Professor de Economia da Universidade Nova de Lisboa.

1 thoughts on “gabinete de crise, na rádio observador – vivendo com o coronavirus (39)

  1. Eu diria Mais; “a esperança do ano – o retomar cuidadoso da atividade económica, começando agora a recuperar dos efeitos negativos sobre a vida das pessoas em geral;” Dia a dia logo se vera.

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