Hoje é dia de manifestação contra a Uber (mas curiosamente não contra a mytaxi, uma rede concorrente, que envolve os táxis tradicionais). Esta manifestação surge mesmo depois de há uns tempos ter sido anunciado que há 17 milhões de euros para modernizar os táxis (ver aqui). Ou seja, a opção nacional é por pagar a uns para fazer (os táxis, pelo menos alguns) o que outros fazem como modelo de negócio (a Uber).
A pergunta que me fica na mente é se os táxis não melhorariam o seu serviço e atenção ao cliente se a Uber (ou outra rede concorrente) continuar a exercer pressão. Como em todos sectores sobre pressão, alguns operadores não se ajustam e saiem, mas outros conseguem então vingar. O sector do calçado é um exemplo de como essa reconstrução de um sector tradicional é possível. Com apoios, certamente, mas também sem dramas excessivos quanto à renovação natural das empresas em actividade.
Até certo ponto, o que está subjacente a esta “luta” é uma tensão entre duas visões diferentes de funcionamento da economia: a protecção e o subsídio para quem está no mercado versus permitir que quem ofereça o melhor serviço ao cliente possa vingar e mesmo substituir quem não o faz.
Por exemplo, se em vez de regulamentar, regular, e ter que monitorizar, os serviços de táxi nos aeroportos (reconhecidamente com falhas quando o cliente quer ir para perto, ou para mais perto daquilo que o taxista pretende, e com falhas na cobrança de valores abusivos a passageiros que não conheçam a cidade) porque não ter mesmo uma zona destinada a recolher passageiros que marquem taxi por aplicações (Uber, mytaxi, internet, outras possibilidades que existam) em alternativa? a pressão para melhorar seria imediata e com menor necessidade de monitorização e regulação.
Claro que já sei que há quem queira falar de impostos, licenças, etc., mas esses problemas, a existirem, são problemas que se resolvem certamente. A tensão de fundo não me parece que seja essa, é mesmo sobre como deve funcionar a economia e como a inovação deve ocorrer.