Entre as várias decisões que têm vindo a ser tomadas pelo Ministério da Saúde, expressas em diplomas legais, a preocupação com o acesso aos cuidados de saúde tem sido evidente. E uma dessas decisões consistiu em dar prioridade (dentro do mesmo nível de gravidade da situação) no atendimento nos serviços de urgência aos doentes que sejam reencaminhados de outro ponto de entrada – cuidados de saúde primários ou linha de atendimento saúde24. Também foi eliminada, em Novembro de 2015, a diferença de valor da taxa moderadora consoante o horário de atendimento nos cuidados de saúde primários.
Estas decisões correspondem a um (bom) uso dos elementos preço (taxa moderadora) e tempo para levar o cidadão que se sinta doente a uma melhor utilização do Serviço Nacional de Saúde, para ele e para o próprio SNS. Em particular, será importante uma maior utilização da Linha Saúde24, como forma de melhor organizar o próprio contacto do doente com o SNS, uma vez que nos vários inquéritos realizados sobre o comportamento dos cidadãos quando se sentem doentes a linha Saúde24 raramente aparece como uma primeira opção. Já o recurso aos cuidados de saúde primários cresceu de 2013 para 2015.
A redução dos casos pouco urgentes e susceptíveis de serem resolvidos sem recurso a serviços de urgência será o efeito esperado destas diversas medidas, traduzindo-se num melhor acesso das situações intermédias de gravidade (as situações de verdadeira emergência não terem aqui alteração), numa melhor organização dos serviços de urgência e em menores custos para o Serviço Nacional de Saúde.
Dois aspectos adicionais que será interessante ver, no prazo de 6 meses a um ano, como evoluem são:
a) quais o grau de referenciação para as urgências hospitalares e o grau de resolução nos cuidados de saúde primários? (se houver um maior afluxo de doentes aos cuidados de saúde primários em consultas não programadas, a resposta é tratar ou remeter para o hospital?)
b) será que os cidadãos vão “aprender” a usar o algoritmo de decisão da Linha Saúde24 indicando sintomas que levam a uma referência para o hospital, e com isso utilizam a chamada apenas com o intuito de ganhar tempo no atendimento da urgência hospitalar?
20 \20\+00:00 Abril \20\+00:00 2016 às 07:57
A meu ver a base do sns não deve ser a Saúde 24 mas o Médico de Família
Isto implica que deve haver uma acessibilidade total ao MF. Quer por via telefónica quer a consulta não programada no próprio dia. E uma consulta programada não deve ter uma espera superior a 5 dias.
A noção de facilidade do acesso diminui a procura
Neste momento a minha agenda para daqui a três dias úteis está praticamente vazia. E daí para frente está vazia
Ao longo do dia, trabalho de manhã e de tarde, entre cada três consultas programadas deixo vagas para 2 consultas não programadas de forma poder ir encaixando a procura ao longo do dia. Atendo todos os telefonemas.
Trabalho numa USF Modelo B em Benfica
Porque não nos vem visitar?
António Alvim
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20 \20\+00:00 Abril \20\+00:00 2016 às 10:36
Caro António,
A disponibilidade do médico de família seria provavelmente o ideal, mas ainda assim algumas situações mais simples que sejam facilmente tipificadas poderão não precisar de esse contacto directo (sem prejuízo de qualquer contacto com o SNS dever ser transmitido ao médico de família). Ou até no futuro algum contacto via net ou aplicação no telemóvel pode dar uma primeira informação.
E aceito o convite para visitar a USF modelo B :D, só temos que combinar.
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20 \20\+00:00 Abril \20\+00:00 2016 às 12:47
Quantos milhões custa a Saúde 24?
Em quantas situações a Saúde 24 evita qualquer contacto medico?
Em função daqueles dados temos de decidir se vale mais a pena usar aquele dinheiro na Saude 24 ou em ter mais USFs do Modelo B. Número que tem sido contido exactamente pelas dificuldades financeiras do MS/ARSs
Vou-lhe enviar mail para combinarmos a visita
António Alvim
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20 \20\+00:00 Abril \20\+00:00 2016 às 15:02
Alguma informação e análise sobre a linha saúde 24, para os que usam:http://run.unl.pt/handle/10362/15763
Sobre a utilização, noutros posts deste blog sobre acesso, há números sobre a sua fraca utilização.
(visita: respondo depois por email, obrigado)
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