Ainda no capitulo 3 do documento sobre sustentabilidade financeira dos sistemas de saúde disponibilizado pela OCDE, há um conjunto de observações que mostram que Portugal não está isolado nos problemas que tem encontrado nesta área. Ou seja, significa que a resolução dos problemas de sustentabilidade orçamental e despesas com a saúde tarda não por incapacidade dos diversos ministros e equipas que tem passado pelo ministério da saúde e sim pela dificuldade do problema, presente em muitos outros países.
Uma dessas observações é as análises económicas produzidas pelos Ministérios da Saúde não terem grande influência sobre os Ministérios das Finanças (ou as entidades que tratam da determinação do orçamento do Estado, consoante os países), sendo que estes últimos reconhecem que têm dificuldade em avaliar e compreender essas análises. E quando inquiridos sobre que aspectos consideram prioritários (figura 3.12, reproduzida abaixo), a visão de fora dos Ministério da saúde recai sobre os suspeitos do costume: despesas hospitalares e despesas com medicamentos, referidos por uma larga maioria dos países inquiridos, 20 e 18 países respectivamente, num total de 25. Só depois surge a preocupação com a despesas em cuidados continuados, programas de prevenção e cuidados de saúde primários (3 países em cada caso).
Ou seja, também aqui Portugal não tem sido diferente dos outros países. E se nos últimos anos se olhou com grande destaque para a despesa com medicamentos, as tentativas de controlar as despesas hospitalares têm sido menos bem sucedidas. O novo Governo pretende fazer mais uma tentativa, actuando, aparentemente, pela reorganização interna da actividade hospitalar (conforme se poderá inferir dos termos da nomeação de António Ferreira para uma das coordenações nacionais de reforma do Serviço Nacional de Saúde).