A notícia da manhã de hoje, ouvida na rádio no meio do trânsito, é a fusão da PT com a Oi, criando uma empresa luso-brasileira.
Esta fusão é interessante por vários motivos.
Primeiro, mostra como um gestor, Zeinal Bava, constrói a sua carreira de forma segura, e convencendo sucessivamente os accionistas das empresas por onde passa. Acabará certamente a escrever as suas memórias como Jack Welch.
Segundo, mostra como o mercado português não é suficiente para o desenvolvimento actual das principais empresas nacionais. A internacionalização, seja investindo fora, seja adquirindo empresas fora, seja fundindo-se com outras empresas, é o caminho que teremos de estar preparados para ver, e com algumas das empresas emblemáticas a deixarem de ter sede em Portugal a prazo.
Terceiro, mostra como as empresas em sectores com barreiras à entrada tendem a encontrar formas de reduzir a concorrência depois de períodos de alguma intensidade nessa concorrência. A fusão Zon/Optimus e agora esta fusão, ao contrário do que as empresas argumentam, dificilmente irão criar mais concorrência. Criar uma empresa de telecomunicações exige uma dimensão mínima que torna a entrada difícil, basta ver que mesmo tentativas de facilitar essa entrada como a criação de condições de acesso a redes para operadores virtuais tem um sucesso muito limitado. Assim, reduzir o número de empresas no mercado, num movimento que é internacional de vaga de fusões em telecomunicações, a prazo não irá aumentar a concorrência. Aliás, suspeito que nos próximos dias ambas as fusões anunciem diversas sinergias, mas nenhuma delas anunciará compromisso firme de reduzir preços dos serviços que oferecem.
Quarto, se a PT aproveitou o anúncio da fusão Zon/Optimus para lançar a oferta quádrupla e ganhar alguma vantagem durante o período de (re)organização da concorrência, com esta fusão será a Zon/Optimus que irá ganhar tempo enquanto a PT internamente se “entretém” com a fusão. Resta saber se o outsider no mercado nacional, a Vodafone, terá interesse e capacidade em aproveitar a convulsão, ou se entrará numa espécie de pacto de não agressão informal.
Estes factores reanimam o interesse da “economia das telecomunicações” e sua regulação para os próximos tempos.