é dos mais curiosos. De acordo com uma análise feita com dados suecos sobre os funcionários públicos, há um aumento da mortalidade devida a enfartes cerebrais, ataques de coração e problemas do sistema circulatório, no dia em que é recebido o ordenado.
Os autores têm um cuidado metodológico grande a procurar garantir que é um efeito causal (receber o ordenado provoca risco de mortalidade) e não apenas uma coincidência, explorando a situação de nem todos os funcionários receberem o ordenado no mesmo dia ou na mesma data e do motivo do óbito. Além do tipo de mortalidade, os dados revelam também que esta resposta em termos de mortalidade é mais forte para quem tem menores rendimentos. Aliás, o efeito “letal” de receber o ordenado desaparece para quem tem níveis de rendimento mais elevados.
Conseguem também verificar que este efeito de mortalidade não é por antecipação no curto prazo de uma situação de ocorreria no curto prazo (ter um enfarte no dia de receber o salário em vez de ter esse mesmo enfarte uma semana depois, por exemplo).
Em termos de mortalidade adicional por ano, a estimativa dos autores é de 96 mortes prematuras devido a este efeito, numa população empregada de 4,7 milhões de pessoas. Não sendo um efeito muito elevado, faz pensar se não haverá também outros custos de stress ainda por contabilizar (ansiedade de limitações financeiras que não resulta em reacções físicas que levam à morte) e quais os mecanismos que poderiam ajudar a mitigar este efeito.
Em particular, fica a curiosidade de saber se pagar semanalmente poderia levar a uma diferente gestão pessoal que evitasse os picos associados com o recebimento mensal do vencimento. Não foi um aspecto explorado no trabalho porque só tinham dados de recebimento mensal, mas fica a ideia para investigação futura.