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Observatório mensal da dívida dos hospitais EPE, segundo a execução orçamental (nº 72 – Janeiro 2022)

1 Comentário

Ano Novo, tempo de retomar o tema dos pagamentos em atraso dos hospitais EPE, tanto mais que houve o reforço extraordinário habitual de fim de ano (desta vez de 630 milhões de euros) para os hospitais. Com os dados referentes a Novembro de 2021 (publicados em Dezembro de 2021), a principal noticia é o crescimento acelerado dos pagamentos em atraso, provavelmente já em antecipação das anunciadas verbas adicionais (aliás, à semelhança do que tem sucedido em ciclos anteriores). As dinâmicas tradicionais são mantidas mais uma vez, e logo que seja transferidas as verbas para os hospitais, a divida em atraso vai cair, para depois retomar o seu crescimento (é a melhor previsão possível, com base na experiência passada e na ausência que qualquer mecanismo claro que venha a evitar essa tradição). Mais preocupante é o crescimento dos últimos 4 meses, descontadas as transferências extraordinárias – que como referido várias vezes alteram o stock mas não mudam a dinâmica do fluxo -, ser ao ritmo de 92 milhões de euros por mês, ou mesmo se fosse o ritmo mais lento de 2020-2021, ainda assim seria de 64 milhões de euros por mês. Isto significa que muito provavelmente 2022 será similar aos outros anos. Em Julho ou Agosto vai-se estar novamente a falar em falta de verbas e de reforço extraordinário, mesmo que seja poucos meses após aprovação do novo orçamento do estado.

Neste momento de campanha eleitoral, uma pergunta clara para procurar a resposta nos programas eleitorais de todos os partidos (ou nas intervenções, entrevistas, respostas a perguntas dos responsáveis partidários), é como pretendem resolver este problema recorrente, que terá também consequências (que ainda não vi medidas) sobre a capacidade assistencial dos hospitais, e sobre a saúde das pessoas?

As respostas podem ser várias, incluindo pague-se tudo o que os hospitais pedirem, no questions asked, mesmo que isso signifique mais impostos (ou redução de outra despesa, ou…).

Tenho curiosidade de saber se algum partido terá capacidade (técnica) de apresentar uma proposta credível e capacidade (política) para eventualmente ver essa proposta aplicada (qualquer que seja o Governo que venha a sair das eleições do final deste mês).

E quem tiver ideias e/ou sugestões, pode usar a caixa de comentários 🙂

Bom Ano de 2022 !

Autor: Pedro Pita Barros, professor na Nova SBE

Professor de Economia da Universidade Nova de Lisboa.

1 thoughts on “Observatório mensal da dívida dos hospitais EPE, segundo a execução orçamental (nº 72 – Janeiro 2022)

  1. Depois de responder a

    Que impostos se pretende cobrar / a quem / de que forma?

    Qual o elenco de necessidades/prioridades às quais se pretende responder?

    Qual a carteira de serviços (de saúde) obrigatórios a cumprir?

    Poderemos, na sequência, definir modelos de financiamento adequados.

    Uma sugestão de programação:

    Temos, a nível das ARS, o retrato mais próximo da realidade: os Perfis Regionais de Saúde. Só falta (como diz Abrunhosa…) fazer o que ainda não foi feito: programar capacidade a instalar e recursos a afectar em função desses referenciais.

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