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dados oficiais – vivendo com o coronavirus (21)

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Ainda o tema do acesso a dados: de acordo com o website do Ministério da Saúde que dá informação sobre a COVID-19, é possível, neste momento, a grupos de investigadores interessados solicitar os dados sobre os casos tratados. Ou seja, apesar das muitas queixas, intensificadas nos últimos dias, o Ministério da Saúde esteve a tratar, como tinha sido assegurado, dos processos necessários para disponibilização de mais informação sobre os casos.

Sendo fácil exigir e criticar, é justo que agora se agradeça a disponibilização dos dados (ok, já sei que haverá logo quem diga, sim, mas ainda falta….). De qualquer modo, passa a existir mais informação, que permitirá análises mais detalhadas da COVID-19, e que provavelmente originará questões que vão necessitar de outro tipo de informação. Passa também a ser exigido a quem solicitou os dados que agora faça o melhor possível com o que está disponibilizado, melhorando o nosso conhecimento sobre a pandemia, mesmo dentro das limitações que vão certamente ser apontadas a estes dados.

Alguns comentários rápidos.

Os dados são tornados anónimos de modo a que não se consiga saber a identidade da pessoa a quem respeitam – é o adequado.

É fornecida informação sobre as características dos campos da base de dados – fica satisfeito o elemento central de uma carta aberta que circulou sobre o acesso aos dados, no que respeita a saber a definição dos dados (a outra parte da carta aberta, sobre o formato do boletim diário de divulgação geral, não é relevante aqui).

O processo de solicitação dos dados é simples – basta preencher um formulário, identificando o investigador e a universidade a que pertence. É bom que assim seja, afasta as minhas preocupações mais sombrias, expressas num post anterior, pelo menos para este conjunto de dados disponibilizados. Na verdade, até me parece simples demais – não faria mal que os investigadores dissessem em dois ou três parágrafos o que pretendem fazer com os dados, e que houvesse um compromisso assinado pelos investigadores quanto ao uso que vão fazer dos dados e quanto ao envio em primeira mão dos resultados do que fizerem, para conhecimento e não para aprovação, obviamente). Talvez haja esse compromisso, e seja pedido antes do envio dos dados, desconheço se assim é, uma vez que nada é dito sobre este aspecto.

São os dados definitivos? claro que não, enquanto houver COVID-19 os dados irão mudar por se adicionarem mais doentes, e mesmo alguma informação passada poderá ser atualizada (é normal que assim seja, sobretudo porque os dados estão a ser fornecidos muito rapidamente).

São os dados suficientes? bom, aqui os investigadores vão agora queixar-se que os dados nunca são suficientes, uma vez que dependendo das questões que queiram tratar há sempre mais informação que seria bom ter (e que frequentemente não estará disponível de qualquer modo). O próximo passo é dos investigadores e do seu trabalho.

(11 de abril de 2020 – coloco a data, para o caso deste post ficar desatualizado por retirarem ou alterarem a possibilidade de solicitar os dados, ou mudar algum elemento do processo)

Autor: Pedro Pita Barros, professor na Nova SBE

Professor de Economia da Universidade Nova de Lisboa.

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