Um dos aspectos que mudou radicalmente nas últimas semanas é a capacidade de viajar globalmente, em que sucessivamente se vão estabelecendo limitações às deslocações como forma de conter ou pelo menos atrasar a contaminação pelo coronavirus da covid-19.
A essas limitações junta-se, num número crescente de países, o conjunto de medidas de distanciamento social, incluindo quarentenas voluntárias e forçadas, reduzindo a procura de viagens aéreas, que leva as companhias de aviação a reduzir (naturalmente) a sua oferta.
Daqui resulta que um número substancial de pessoas enfrenta dificuldades inesperadas em regressar a casa, como dá conta aqui o Guardian (e certamente outros jornais). Dentro destes grupos há quem tenha decidido viajar porque “os preços eram baratos e afinal o coronavirus não é assim tão grave” e quem tenha viajado por motivos pessoais (visitar família) ou profissionais (e podemos incluir aqui os estudantes Erasmus dentro da Europa). Para quem, por qualquer motivo profissional ou pessoal, se encontra fora do país, junta-se agora a ansiedade e angústia do coronavirus e da capacidade de regresso (ou a necessidade de eventualmente sobreviver noutro país, de forma inesperada, por algum tempo – dias? semanas?).
Aliás, toda a parte de saúde mental no contexto do coronavirus teve uma atenção recente da Organização Mundial de Saúde, aqui, com um conjunto de recomendações para cada um adaptar.
No imediato, o próprio acto de viajar mudou – entrar num avião com pessoal de cabine a utilizar máscaras introduz logo um elemento de preocupação dantes ausente. A prazo, a própria noção de turismo poderá ser alterada, e demorar tempo a recuperar o nível de mobilidade internacional que tinha sido atingido. E não é claro se todas estas alterações não levaram a um maior “isolamento nacionalista”, com cada país a voltar-se para dentro. Significa que depois de passada a urgência da pandemia será preciso reafirmar a abertura entre países, não só económica como social?
[adicionado: um artigo de Rui Pena Pires, na linha do que pode estar a mudar socialmente]
18 \18\+00:00 Março \18\+00:00 2020 às 08:55
Muito interessante seguir as suas reflexões sobre a pandemia.
Fui seu aluno no final da década de 80, início de 90.
Vivo em Macau, onde temos (governo e população) feito um esforço incrível, bem-sucedido, para manter a Região livre de focos de epidemia comunitários.
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18 \18\+00:00 Março \18\+00:00 2020 às 08:58
Olá João Francisco, lembro-me bem 🙂 vamos-nos vendo para aí uma vez por década?? não queres escrever alguma coisa sobre Macau, para divulgar por cá – era útil, por vários motivos – ter história de sucesso, ter visão menos técnica, o que vocês ajustaram também na vida normal, etc. abraço
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