Cap. 1: A criação do euro
A abrir a motivação para a criação do euro surge o argumento de “conter as pretensões alemãs”, sendo que não são ditas quais seriam essas pretensões (seria aliás curioso saber em que medida o que os outros países pensavam ser as pretensões alemãs eram de facto ajustadas à realidade).
Neste contexto, a moeda única surge como elemento de uma visão mais ampla sobre o mercado único, e uma visão para a gestão macroeconómica assente em regras estabelecidas à partida. Estabelecer regras tinha como papel garantir que sem integração política todos os países estariam sintonizados num conjunto de objectivos. Mas o custo da perda de flexibilidade foi largamente subestimado, incluindo aqui os países que promoveram essas regras. A semelhança com o marco alemão, como forma de ter a participação e apoio da Alemanha, foi um preço demasiado alto a pagar? Não é claro do pensamento de Pedro Braz Teixeira se essa aproximação das características do euro, em termos institucionais, ao marco alemão é a fonte de todos os problemas do euro. A pergunta do que seria o funcionamento da zona euro sem essas condições à partida é de difícil resposta, e aberta a muitas conjecturas. O risco mais evidente é se teria gerado mais cedo uma crise em que os estados criariam dívida para ser paga por todos. Mas poderia ter existido uma definição institucional que evitasse esse tipo de crise, que não passasse por regras que foram depois “flexibilizadas” pelos seus próprios proponentes?
Sendo este capítulo mais factual que especulativo, surgem da sua leitura várias possibilidades de discussão, que poderão ajudar a definir os possíveis caminhos para a União Europeia. E que serão explorados adiante no livro.