O folhetim do BES vai-se desenrolando, agora com contornos internacionais. Segundo percebi, o ponto de situação é o seguinte:
a) o BES enquanto banco é sólido – segundo afirmações de todos, o que leva à velha questão, se é preciso dizê-lo repetidamente é porque não é evidente, mas se não é evidente o que se passa realmente, e num mundo de rumores não há muito que se possa contrariar em termos de palavras, apenas via acções.
b) o grupo ES, por seu lado, segundo o que vem sendo escrito, tem partes onde tem dificuldades financeiras.
c) a PT entrou nesta confusão, de uma forma que não foi totalmente esclarecida – isto é, se o grupo ES não estivesse ligado à PT, a decisão de investimento teria sido a mesma? (a demissão que não o foi verdadeiramente do responsável financeiro diz algo sobre o aval tácito que terá existido?)
d) a nomeação de uma nova equipa de gestão que satisfaça os critérios de transparência de relações foi feita rapidamente, e mais rapidamente parece que se quer que entre em acção. As pessoas indicadas, à partida oferecem a independência pretendida.
e) os depositantes no BES têm sempre os 100,000 euros garantidos, e por isso, para quem estiver nestes limites, nada há a temer, em termos do que possa suceder.
f) houve partidos políticos que falaram na intervenção pública no/nacionalização do banco (os mesmos que acusariam o Estado de estar a salvar a banca se tivesse feito essa intervenção…)
g) o poder político rejeitou intervenção directa ou indirecta (via dar protecção a empréstimos de emergência)
Dois comentários rápidos:
1) a perspectiva de falência do banco não deve ser afastada, nem deveria ser um drama numa economia de mercado – falência que pode resultar simplesmente em o banco ser adquirido por outro, nacional ou estrangeiro, sem interrupção de prestação de serviços de depósitos e de crédito; de alguma forma é surpreendente que não se fale nessa possibilidade.
2) a substituição rápida da equipa de gestão é desejável, mas seguindo os mecanismos no seu tempo de execução – tudo o que seja entrada antecipada, com sobreposição de gestão nova e gestão antiga, é sempre susceptível de criar mais tarde confusão e suspeições. Esperemos que a nova equipa de gestão não se deixe enredar em teias que depois a impeçam de ter total liberdade de gestão face ao passado.
15 \15\+00:00 Julho \15\+00:00 2014 às 02:00
A preocupação dominante parece ser repetir a exaustão que o banco e’ solido e não ha por isso risco para os depositantes. Talvez seja de repensar a táctica começando por assumir que” não se pode enganar toda a gente todo o tempo”. Primeiro porque a solidez de um banco se mede pela qualidade dos activos (empréstimos ) e pelo valor “hoje” dos colaterais que os suportam e da sua liquidez. Mas mais do que solidez = solvency, o que interessa e’ a liquidez .
Alguém imagina que todos os actores que vem assegurar que os depositantes podem estar descansados não sabem o que qualquer aluno de money & banking aprende na primeira aula ” solvency gives a headhache but liquidity kills you quick”. E os depositantes acima dos 100K ? Qual o impacto na economia quando aqueles particulares e empresas virem os seus depósitos e aplicações reduzidos a cinzas? E o resto do sistema como vai reagir e aguentar uma corrida?
A propósito de corrida : – nao na será mais eficaz pegar o touro pelos cornos JA’. If it can go wrong it will go wrong.
Oiçam o zumbido dos chats nos trade rooms.
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16 \16\+00:00 Julho \16\+00:00 2014 às 15:34
Recomendo, para sua consideração, leitura do seguinte artigo:
http://blogdoklebers.blogspot.com.br/2014/07/entenda-catastrofe-do-banco-espirito.html
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21 \21\+00:00 Julho \21\+00:00 2014 às 08:43
Obrigado Marco,
o BES estende-se ao outro lado do mundo.
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