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o mito do estado empresário

6 comentários

O mito do estado empresário está mesmo enraizado no pensamento político português, e é desses “instintos profundos” que resulta grande parte da nossa paralisia em geral.

Hoje, no trânsito, com a rádio ligada, estava a ser dada uma notícia sobre a linha do Vouga, que aparentemente irá ser encerrada. Um deputado de um dos partidos da coligação governamental era referido como tendo afirmado que “achava” que a linha era viável e urgia o Governo a olhar para o assunto. Eram focadas as ligações entre Aveiro e Águeda e entre Águeda e Espinho, se não estou enganado.

Desconheço, confesso, qual a verdadeira viabilidade económica dessas linhas e de que condições depende essa viabilidade.

O que me assusta é a ideia de que deve ser o Governo a fazer essa avaliação.

Pelos vistos, não cabe às empresas de transportes fazer essa avaliação, tem que ser o estado empresário, ao mais alto nível.

Pelos vistos, não passou pela mente do deputado ir para além do “achar” e fazer um business plan demonstrando essa viabilidade económica, ou incentivar alguém ou alguma empresa a fazer esse plano e a candidatar-se a explorar as ditas ligações sem apoios do estado.

Nada disso, cabe ao Governo avaliar a viabilidade económica da linha! Apesar de toda a retórica continua no fundo da alma a querer-se um estado que esteja presente em tudo, que tudo pague. E vindo do grupo político de apoio ao Governo, demonstrando o enraizamento desta ideia.

Se fosse um pedido para o Governo avaliar a componente de serviço público que pudesse estar presente – que externalidades existem? efeitos de redistribuição por apoio à mobilidade de população sem outras alternativas? coesão social na área? – ainda poderia caber dentro da esfera que se espera para o Governo. Não sendo assim, a pergunta deve ser devolvida à comunidade empresarial, que deverá mostrar, pela acção e gestão concreta, se as linhas em causa são ou não economicamente viáveis.

Autor: Pedro Pita Barros, professor na Nova SBE

Professor de Economia da Universidade Nova de Lisboa.

6 thoughts on “o mito do estado empresário

  1. Isso mesmo!
    Mas dá uma “trabalheira”, podemos ficar com o menino nos braços, não é? Deus nos livre!

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  2. Muito bem!
    Há uma quota parte de burocracia na maquina do Estado que se deve à filosofia tentacular que o sector público tem de ter por imposição dos próprios politicos.
    Mas, em certas zonas desfavorecidas e em ritmo acelerado de subdesenvolvimento não me choca que o Estado possa “patrocinar” actividades que possam sair fora do serviço publico propriamente dito e “dar um empurrão” para que o sector privado dinamize a região.
    Afinal de contas, como o país não é todo igual, exige-se uma discriminação positiva quanto às politicas a implementar pelo próprio Estado.
    No passado isso já aconteceu com resultados muito positivos!

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  3. Pingback: O enraizamento da mentalidade estatista « O Intermitente (reconstruido)

  4. A questão pode ser vista também de outra forma. Porque raio tem que ser o governo central em Lisboa, que está distante de tudo que se faz no país ao nível local, a opinar sobre o assunto ? Porque não são as autarquias que desenvolvem um plano de mobilidade para a região, arranjam os parceiros, o financiamento e metem mãos à obra ? Ah, já sei… porque neste país empurra-se tudo com a barriga à espera que outro alguém faça, inevitavelmente terminando no estado, que não faz nada.

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  5. Pequena achega com um case study onde foram “enterrados” em obras farónicas desde o tempo do Engº Guterres, cerca de 25 milhões de euros e agora chegou a isto.
    Falo da Coudelaria de Alter do Chão e desse famoso cavalo Alter.
    O Estado empresário só mete água e neste caso esqueceu que também é preciso ração:)
    http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/outros/domingo/freio-na-coudelaria-de-alter-do-chao

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