O mito do estado empresário está mesmo enraizado no pensamento político português, e é desses “instintos profundos” que resulta grande parte da nossa paralisia em geral.
Hoje, no trânsito, com a rádio ligada, estava a ser dada uma notícia sobre a linha do Vouga, que aparentemente irá ser encerrada. Um deputado de um dos partidos da coligação governamental era referido como tendo afirmado que “achava” que a linha era viável e urgia o Governo a olhar para o assunto. Eram focadas as ligações entre Aveiro e Águeda e entre Águeda e Espinho, se não estou enganado.
Desconheço, confesso, qual a verdadeira viabilidade económica dessas linhas e de que condições depende essa viabilidade.
O que me assusta é a ideia de que deve ser o Governo a fazer essa avaliação.
Pelos vistos, não cabe às empresas de transportes fazer essa avaliação, tem que ser o estado empresário, ao mais alto nível.
Pelos vistos, não passou pela mente do deputado ir para além do “achar” e fazer um business plan demonstrando essa viabilidade económica, ou incentivar alguém ou alguma empresa a fazer esse plano e a candidatar-se a explorar as ditas ligações sem apoios do estado.
Nada disso, cabe ao Governo avaliar a viabilidade económica da linha! Apesar de toda a retórica continua no fundo da alma a querer-se um estado que esteja presente em tudo, que tudo pague. E vindo do grupo político de apoio ao Governo, demonstrando o enraizamento desta ideia.
Se fosse um pedido para o Governo avaliar a componente de serviço público que pudesse estar presente – que externalidades existem? efeitos de redistribuição por apoio à mobilidade de população sem outras alternativas? coesão social na área? – ainda poderia caber dentro da esfera que se espera para o Governo. Não sendo assim, a pergunta deve ser devolvida à comunidade empresarial, que deverá mostrar, pela acção e gestão concreta, se as linhas em causa são ou não economicamente viáveis.
10 \10\+00:00 Fevereiro \10\+00:00 2012 às 09:58
Isso mesmo!
Mas dá uma “trabalheira”, podemos ficar com o menino nos braços, não é? Deus nos livre!
GostarGostar
10 \10\+00:00 Fevereiro \10\+00:00 2012 às 11:06
Muito bem!
Há uma quota parte de burocracia na maquina do Estado que se deve à filosofia tentacular que o sector público tem de ter por imposição dos próprios politicos.
Mas, em certas zonas desfavorecidas e em ritmo acelerado de subdesenvolvimento não me choca que o Estado possa “patrocinar” actividades que possam sair fora do serviço publico propriamente dito e “dar um empurrão” para que o sector privado dinamize a região.
Afinal de contas, como o país não é todo igual, exige-se uma discriminação positiva quanto às politicas a implementar pelo próprio Estado.
No passado isso já aconteceu com resultados muito positivos!
GostarGostar
Pingback: O enraizamento da mentalidade estatista « O Intermitente (reconstruido)
12 \12\+00:00 Fevereiro \12\+00:00 2012 às 20:05
A questão pode ser vista também de outra forma. Porque raio tem que ser o governo central em Lisboa, que está distante de tudo que se faz no país ao nível local, a opinar sobre o assunto ? Porque não são as autarquias que desenvolvem um plano de mobilidade para a região, arranjam os parceiros, o financiamento e metem mãos à obra ? Ah, já sei… porque neste país empurra-se tudo com a barriga à espera que outro alguém faça, inevitavelmente terminando no estado, que não faz nada.
GostarGostar
12 \12\+00:00 Fevereiro \12\+00:00 2012 às 21:08
🙂 aceite a ideia. Podem ser as autarquias a coordenar e mobilizar.
Mantendo uma condição base – ser alicerçado numa economia do projecto em que rentabilidade do mesmo não assente em ir buscar fundos públicos.
GostarGostar
15 \15\+00:00 Fevereiro \15\+00:00 2012 às 21:17
Pequena achega com um case study onde foram “enterrados” em obras farónicas desde o tempo do Engº Guterres, cerca de 25 milhões de euros e agora chegou a isto.
Falo da Coudelaria de Alter do Chão e desse famoso cavalo Alter.
O Estado empresário só mete água e neste caso esqueceu que também é preciso ração:)
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/outros/domingo/freio-na-coudelaria-de-alter-do-chao
GostarGostar