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de repente parece que o único problema é os “mercados” (financeiros internacionais) acreditarem em Portugal (o que quer que isso queira dizer). Ora, esse é apenas o reflexo do problema, capacidade de crescer, e corremos um risco – de uma vez mais nos dispersarmos pelo acessório – e a discussão das conversas de Vitor Gaspar com o ministro alemão são um exemplo disso mesmo

Desfocados

13/02/2012 | Dinheiro Vivo

Uma conversa informal entre o ministro das finanças português e o ministro das finanças alemão ganhou um grande protagonismo na semana que passou. O que sendo compreensível é provavelmente menos relevante para o nosso futuro colectivo do se poderia supor das diferentes reacções.

Para perceber porque é pouco relevante essa conversa, comecemos por responder a algumas perguntas.

A falta de capacidade de crescimento da produtividade na economia portuguesa é um problema a resolver? Creio ser consensual que a resposta é sim.

Resolver o actual problema financeiro das contas públicas sem resolver o problema do crescimento da produtividade é suficiente?

A resposta é não, acaba-se por voltar a ter o problema, ou ter que fazer o ajustamento para consumo compatível com o valor da capacidade produtiva do país.

Uma alteração das condições do apoio financeiro, para dar mais tempo à economia portuguesa, poderá ser nociva?

A resposta é que não podemos excluir que haveria a tentação de adiar também os aspectos de “transformação estrutural”, para usar a expressão adoptada pelo actual governo. Há assim que comparar as vantagens de mais tempo para ajustar a economia portuguesa, com a desvantagem de eventualmente não o fazermos.

Uma questão final, corresponde a troca de impressões entre os dois ministros a um compromisso? Creio que a resposta será negativa. Não há qualquer garantia ou presunção de que a posição alemã daqui a uns meses (ou se calhar uns dias) seja realmente esta. Além de que o ministro alemão ao falar, formal ou informalmente, não compromete as posições das três instituições, Comissão Europeia, FMI e Banco Central Europeu.

Algumas dos comentários, nacionais e internacionais, produzidos conseguiram distrair ainda mais as atenções ao referirem os mercados financeiros internacionais. O regresso de Portugal aos mercados financeiros internacionais para financiar a sua dívida pública, frequentemente tomado quase como o único objectivo, é apenas um objectivo intermédio. É por ser um objectivo intermédio que poderá ser, ou não, flexibilizado, consoante o progresso da economia portuguesa e das medidas adoptadas pelo Governo.

Convém não estarmos desfocados do verdadeiro objectivo, conseguir que a economia portuguesa tenha a capacidade de ter maior produtividade. Ciclicamente é preciso ir relembrando que maiores salários só poderão ser pagos se houver maior produtividade. E maior produtividade depende de uma maior capacidade de inovação e de uma melhor utilização dos equipamentos produtivos.

Repito, convém não ficarmos desfocados do que é central: produtividade.

Autor: Pedro Pita Barros, professor na Nova SBE

Professor de Economia da Universidade Nova de Lisboa.

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