Hoje volto a um tema recorrente, e não é uma análise da COVID-19 (para variar).
Desta vez, com a COVID-19, fui deixando passar o tempo, para ver se Março de 2020 tinha alguma diferença substancial face à evolução dos últimos meses. E realmente assim sucede. Embora estivesse à espera de um aumento dos pagamentos em atraso, dado que toda a atenção dos últimos dois meses se voltou para a resposta à COVID-19, a evolução registada é no sentido oposto. Dado que se observa mais uma alteração de redução dos pagamentos em atraso que é um “salto” grande face ao mês anterior, é razoável pressupor que ainda se estejam a ver os resultados de decisões anteriores (de reforço de verbas e orçamentos). A minha conjectura inicial era a de a COVID-19 levantar preocupações suficientes para que a preocupação com reduzir pagamentos em atraso por parte dos hospitais passasse para segundo plano, e que as decisões tivessem reflexo imediato.
Para seguimento nos próximos valores de despesa e de pagamentos em atraso dos hospitais, há diversos aspectos: a) impacto da COVID-19 – mais despesa devido à resposta necessária, ou menos despesa por redução de atividade noutras áreas? b) apesar dos efeitos de eventual maior despesa, as transferências previstas de reforços de orçamento mais do que compensaram?
Numa visão de mais longo prazo, nota-se claramente um acelerar dos “saltos” de reforço de verbas/regularização extraordinária de dívidas dos hospitais EPE nos últimos 18 a 24 meses, o que se traduz numa redução do stock de pagamentos em atraso, apesar de o fluxo (crescimento médio mensal) se ter mantido sempre em valores elevados – nos últimos 9 meses entre 60 e 65 milhões de euros por mês em média. É provável que os próximos meses sejam atípicos nesta evolução.