De acordo com notícia da Agência Lusa, de 31.01.2018, sobre os pagamentos em atraso, “O governante afirmou que, para este ano, estão já previstos 1.400 milhões de euros para saldar dívida e pagamentos em atraso na Saúde, sendo que 500 milhões de euros são referentes à capitalização dos Hospitais EPE (Empresa Pública Empresarial) feita já em 2017 e que será usada em 2018.
No final de 2017, os pagamentos em atraso na saúde ficaram nos 1.075 milhões de euros, acima dos 854 milhões de euros de 2016, ou seja, mais 221 milhões de euros.
O governante justificou o facto de os pagamentos em atraso terem aumentado com mais investimentos na saúde, dizendo que estas despesas são reflexo da “melhoria do Serviço Nacional de Ambulatório”, com mais tratamentos e cirurgias, em 2016 e 2017.”
Há nesta noticia um lado bom e um lado mau. O lado bom é que o Ministério das Finanças decidiu preocupar-se com o assunto, e procurar ativamente uma solução. O lado mau é a forma como parece estar a ser encarado o assunto. O problema dos pagamentos em atraso não é decorrente da necessidade de investimentos e da sua execução – é uma tendência longa, que acelerou no último ano. Parece um problema menor do que é devido à injeção extraordinária de verbas nos hospitais. Se não for tratado como um problema de gestão dos hospitais, onde se misturam orçamentos tradicionalmente pouco realistas e incapacidade de ação nos casos de maior criação de dívida, não será resolvido. E é um problema que não se resolve com “verbas para saldar dívidas”, que serão certamente “o maior reforço de sempre!”. Como tem ficado patente de cada vez que surgem estes reforços financeiros.
(ps. fica para amanhã a nova edição do observatório mensal das dívidas dos hospitais EPE)