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Investimento Empresarial e o Crescimento da Economia Portuguesa

1 Comentário

Foi apresentado na passada sexta-feira o estudo sobre Investimento Empresarial e o Crescimento da Economia Portuguesa, realizado por F Alexandre, P Bação, C Carreira, J Cerejeira, G Loureiro, A Martins e M Portela, numa colaboração entre a Universidade do Minho e a Universidade de Coimbra, em resposta a uma solicitação da Fundação Calouste Gulbenkian. A hiperligação acima permite aceder ao texto pdf do estudo e à gravação integral da sessão, que contou com uma intervenção do Ministro da Economia e com outra intervenção do Presidente da República a darem o tom mais político à discussão.

Tive a meu cargo um comentário ao estudo, que quase não o foi por falta de tempo, pelo que deixo aqui o que estava preparado (em versão imagem, no final do post). Mas como nem tudo está nos slides, ou pode não ser facilmente perceptível, algumas notas adicionais, também em comentário às várias intervenções que foram feitas:

  • é reconhecida de forma generalizada a importância das empresas exportadoras, mas não é possível fazer uma sua discriminação em termos fiscais,
  • é reconhecida de forma generalizada a importância de apoiar mais a inovação, que sendo mais usada intensivamente por empresas exportadoras, acaba por ser uma forma de as discriminar positivamente (e segue neste aspecto a abordagem seguida na Alemanha)
  • é reconhecida a importância de uma reforma estrutural do sistema de inovação, ajudando a que as PME consigam incorporar a inovação que seja conseguida
  • é reconhecida a importância da redução do endividamento, e em particular a redução do número de empresas zombie (mantidas artificialmente)
  • é reconhecida a importância da participação das empresas portuguesas nas cadeias de valor global, sendo que podendo essa participação ser indirecta (fornecer empresas que participam de forma directa nessas cadeias de valor global) a classificação habitual de inserção no mercado internacional via exportações directas é incompleta.

Sendo estes os consenso que me pareceram resultar da sessão, há um aspecto geral complementar para o qual seria bom prosseguir o estudo para clarificar: se neste momento poderá haver alguma preocupação com falta de investimento, no passado houve esse investimento mas sem grande retorno produtivo. Por isso, torna-se essencial saber o que está associado com uma escolha de projectos de investimento que gerem retorno produtivo assinalável. É preciso conhecer melhor os mecanismos pelos quais no passado essa seleção de projectos falhou.

O segundo aspecto importante sobre o qual sabemos pouco ainda é se é existe uma dimensão mínima das empresas para conseguir fazer uma boa seleção de projetos de investimento, incluindo os que envolvem atividades de investigação e desenvolvimento, e uma boa gestão das empresas e dos investimentos. Ou seja, será que a dimensão das pequenas e médias empresas é deveria ser superior para que consigam ser eficientes e operar num mercado que terá de ser necessariamente de dimensão europeia em termos de crescimento e futuro? O problema poderá não ser apenas questão dos mecanismos de seleção de projectos, mas também na necessidade de uma dimensão mínima para uma gestão profissional das empresas e para se aproveitar de forma completa os benefícios da inovação.

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Autor: Pedro Pita Barros, professor na Nova SBE

Professor de Economia da Universidade Nova de Lisboa.

One thought on “Investimento Empresarial e o Crescimento da Economia Portuguesa

  1. Estimado Pedro,

    Obrigado pela partilha e ideias propostas. Na qualidade de “cidadão anónimo” sem lobby e sem qualquer notoriedade política, uma pessoa apartidária portanto, lamento que não tenha sido possível ter o tempo necessário para um comentário ao estudo. A Nova SBE estava numa casa concorrente, ninguém fez de propósito, mas o que é certo é que sucedeu. Nada demais num âmbito académico dirão alguns. Quiçá é a vida dirão outros. Sobre o estudo propriamente dito. Os governos têm sempre a tendência de investir em projetos de elevado investimento (com apoios comunitários, claro) mas sem grande (para não dizer nenhum) retorno. Quando se pensa nas pessoas as coisas podiam mudar de trajetória. Mas perante os fortes lobbies o que fazer? Está na moda discutir-se e apregoar-se a Transformação Digital nas empresas. Alguém já pensou que é na Gestão, na Economia, na organização e pensamento estratégico a médio longo prazo, onde ir buscar investidores (esqueçam por momentos os bancos que ainda não ultrapassaram os seus problemas sérios internos) tudo somado – é aqui que está realmente o problema? Voluntario-me para passar do diagnóstico (somos hábeis nisto) à prática, mas sem ligações ao Estado que tenta (cada vez mais) controlar tudo.

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