No ano passado, por esta altura, houve uma injecção de verbas nos hospitais EPE, que lhes permitiram reduzir o stock da dívida (entenda-se, pagamentos em atraso) no final do ano de 2016. A evolução desde então para cá foi de crescimento novamente desses pagamentos em atraso, com é do conhecimento geral.
Menos conhecido é saber como este crescimento da dívida se processou no último ano. Usando a informação disponível, e tomando como aproximação à injecção de verbas o decréscimo dos pagamentos em atraso de novembro de 2016 para dezembro de 2016, é possível construir um gráfico que confronta o acréscimo dos pagamentos em atraso de janeiro até Agosto de 2017. Desse gráfico vê-se facilmente que a maior parte dos hospitais nos primeiros 8 meses acumulou mais pagamentos em atraso do que foi regularizado, e embora não seja tão perceptível, os hospitais que mais regularização tiveram foram os que proporcionalmente mais cresceram a sua dívida. É normal que hospitais maiores tenham mais pagamentos em atraso, tenham recebido mais verbas e acumulem mais pagamentos em atraso depois. Mas o que é menos óbvio é que um hospital com o dobro da dívida regularizada face a outro acabe por aumentar os pagamentos em atraso mais do dobro face a esse outro hospital neste período de 8 meses. Ou seja, os pagamentos em atraso crescem mais rapidamente nos hospitais maiores, devendo ser esses os primeiros alvos de atenção, não só porque têm maior peso mas também porque é onde o ritmo de crescimento parece ser maior.
Daqui a um ano veremos os resultados da regularização anunciada para o final de 2017.