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Instituições fortes fazem a diferença

3 comentários

Esta frase resume um largo corpo de trabalho em economia de análise de factores de desenvolvimento económico. Um texto de revisão e argumentos pode ser encontrado num texto de Daron Acemoglu e colegas, disponível aqui. O relembrar este conhecimento adquirido vem a propósito dos recentes ataques ao Governador do Banco de Portugal e à Presidente do Conselho das Finanças Públicas. Neste último caso, parece existir mesmo a intenção de rever ou mesmo extinguir a instituição.

Numa sociedade civil que se pretende forte, é necessário que haja a possibilidade de os cidadãos terem acesso a informação fiável sobre as consequências das opções disponíveis. As escolhas políticas cabem aos órgãos próprios, nomeadamente Governo e Assembleia da República no caso da governação. Mas o escrutínio das opções e das suas possíveis consequências tem que ser realizada por entidades com a capacidade técnica para o fazer, e com a independência para discordarem, se for o caso. A possibilidade desse escrutínio é também uma exigência de melhor qualidade na governação. Significa que as previsões e análises dessas entidades estarão sempre certas? naturalmente que não. O funcionamento das economias é muito mais rico, e mesmo imprevisível, do que é possível analisar. Há milhões de decisões tomadas em cada momento que todas juntas resultam no que chamamos “economia”. Mas é saudável confrontar opiniões técnicas. E perceber onde é que eventualmente uns e outros falharam nas suas análises, ontem, hoje e amanhã.

Custa por isso observar algumas das criticas que são feitas, porque frequentemente demonstram a incapacidade de olhar para outras análises como resultando de um quadro institucional que pretende criar escrutínio e dar conhecimento à sociedade.

Autor: Pedro Pita Barros, professor na Nova SBE

Professor de Economia da Universidade Nova de Lisboa.

3 thoughts on “Instituições fortes fazem a diferença

  1. por isso é que fiquei chocada com a falta de resposta (ou rapidez desta) em relação ao que o BPI deu a conhecer sobre o BES

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  2. Diz, e bem, que os ataques são ao Governador do Banco de Portugal – e não ao BdP. A incompetência e arrogância do Carlos Costa já nos custou muito. Há muito que já devia ter sido substituído. E isto não coloca em causa a análise e capacidade técnica ou a independência do BdP.

    Quanto à Teodora Cardoso não vi nada de especial. Era só mais do mesmo; ela só estava a ser ela própria.

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  3. Acho que aqui o problema se prende com os interlucotores e nao as proprias instituicoes.

    No caso do Banco de Portugal, tal como J Ruivo diz, o problema aqui foi como Carlos Costa tem desempenhado a sua funcao, especialmente no caso do BES. Estas instituicoes independentes devem estar livres de pressoes politicas, mas isso nao as iliba do escrutinio publico. Veja-se o que se esta a passar em Espanha – o ex-governador do Banco de Espanha em tribunal por causa de uma emissao de capital do Bankia: http://www.jornaldenegocios.pt/economia/politica-monetaria/detalhe/em-espanha-ex-governador-vai-a-tribunal-por-suspeita-de-enganar-investidores

    No caso do CFP parece mais preocupante, pois parece haver uma campanha em curso para desacreditar completamente esta instituicao. Prever defices e crescimentos do PIB de uma pequena economia aberta com grande exposicao a choques exogenos, e uma tarefa complicada altamente susceptivel a erros. Agora nao acho que compete a um gabinete tecnico vir de falar em “milagres”. O trabalho do CFP e’ produzir numeros e estimativas partindo de pressupostos plausiveis, e fornecer ao publico esta informacao. Nao lhe compete dar adjectivos qualitativos e falar em “milagres” ou “questoes de fe”.

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