Não era difícil adivinhar que findo o programa de ajustamento oficialmente verificado pela troika se iria ter um renascimento deste tipo de lutas, pelo que é sem surpresa que se assiste à greve dos médicos (e dentro em breve calculo que outras classes profissionais da saúde se seguirão).
O lamento do ministro da saúde sobre a oportunidade e as motivações da greve são essencialmente irrelevantes para a dita. (por curiosidade, o comunicado sobre a greve por parte da ordem dos médicos: aqui)
Para o cidadão que vê as suas consultas e cirurgias adiadas, a greve pouco dirá, e certamente nas televisões iremos assistir às habituais entrevistas em hospitais e centros de saúde, com uma população mais ou menos indignada ou resignada, consoante o/a entrevistador/a escolha.
Havendo uma componente política nas manifestações, em geral, tradicionalmente disfarçadas com pretensões várias, esta greve poderia ter o efeito útil de se saber o que tem sido feito pelas partes, Governo e médicos, quanto ao acordo assinado em Outubro de 2012 (anúncio aqui), onde também se previa que “O acordo será monitorizado por uma comissão tripartida (Ministério da Saúde, Ministério das Finanças e Sindicatos)”, constituída ainda nesse mês (aqui) e que inclui quatro representantes dos sindicatos, incluindo os que convocaram a greve.
Não seria esta uma boa oportunidade de saber o resultado da monitorização do acordo, uma vez que a comissão deve ter reunido de três em três meses conforme previsto? a partir daí poderemos ver se há aqui compromissos por cumprir, o que tem corrido bem e mal, e que possa ou deva ser alterado.
Tudo o resto passará dentro de dias, com as partes entrincheiradas nas suas posições públicas.
8 \08\+00:00 Julho \08\+00:00 2014 às 17:41
Comentários recebidos por email:
A reunião tripartida tem reunido regularmente para analisar o cumprimento do acordo e resolver outras questões.
O acordo tem sido genericamente cumprido
Algumas das questões, que até já estão mortas, são disparates produzidos por grupos de trabalho.
Na sequência do seu texto no blog envio o ponto de situação feito pelo SIM e o Manifesto de Greve feito pela Fnam.
As negociações têm ocorrido regularmente.
A greve foi declarada unilaterlamente pela FNAM, quebrando o seu compromisso de trabalho sindical conjunto.
segundo o relato de um dos dirigentes da FNAM, a palavra de ordem na manifestação de hoje foi “demissão”
Nas reivindicações não constam pontos relativos a aumentos salariais.
—
também vale a pena ver as diferenças de estilo e visão dos dois sindicatos, através do que está nos respectivos sites:
http://www.simedicos.pt
http://www.fnam.pt
GostarGostar