Desde há cerca de dois anos que, de vez em quando, vou ver as estatísticas presentes no site conheceracrise.com, e em particular a evolução das componentes do consumo privado. Numa perspectiva mais longa, os dados estão disponíveis no INE. Como ocorreu, desde o Verão, uma aparente alteração na evolução que se registava nos últimos anos, pareceu interessante revisitar e actualizar estes valores. A figura abaixo faz essa actualização, estando expressa em número índice de 1995=1, e sem ajustamento para inflação. Os valores são trimestrais.
O que se observa é uma reacção a dois tempos à situação de crise – em 2009, num primeiro choque, todos os tipos de despesa baixam em valor nominal, incluindo as despesas alimentares. Os anos de 2010 e 2011 são anos de alguma recuperação nessas despesas, mas com o pedido de ajuda financeira internacional, as despesas alimentares foram “protegidas”, as despesas com bens duradouros tiveram uma quebra muito substancial, e as restantes despesas registaram um decréscimo. O que muda nos tempos mais recentes é, sobretudo, o recuperar da despesa com bens duradouros. Ainda de uma forma tímida, mas com alguma persistência. Resta saber se é apenas substituição de bens duradouros que chegaram ao fim da sua vida útil, ou se é algo mais. Nos outros bens correntes (não alimentares) e serviços, e nos consumos alimentares, o pequeno decréscimo no último trimestre não é ainda um desvio a uma tendência dos últimos anos.
Não sei se esta evolução é boa ou má (por exemplo, se estivermos a falar de bens duradouros importados será diferente de serem consumos dirigidos a produtos nacionais), mas aparentemente algo está a mudar no consumo privado.
15 \15\+00:00 Abril \15\+00:00 2014 às 10:06
A resposta não se augura fácil, dado que a evolução do rendimento disponível das Famílias e ISFLSF não ajuda:

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15 \15\+00:00 Abril \15\+00:00 2014 às 10:41
Não podemos associar o aumento dos bens alimentares ao longo do tempo, mais concretamente a partir de 2009, com o conceito de “lei de Engel”? Em relação aos bens duradouros parece-me óbvio que tivesse sofrido uma “desalavancagem” , uma vez que, com a especulação entre 2000 e 2008 do crédito privado devido às taxas de juro em níveis baixos (“dinheiro barato”) e o “gosto” da banca em emprestar, levou consequentemente a que economia portuguesa esteja actualmente estrangulada com falta de liquidez. Em relação ao último indicador é a consequência do ajustamento ques estamos a sofrer.
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