decorreu na sexta-feira passada a apresentação do livro sobre PPP no el corte inglês, onde o autor sintetizou as razões pelas quais não correram bem em Portugal, genericamente falando:
a) não houve uma separação clara entre três decisões (onde fazer “obra pública”? como financiar? que políticas sectoriais devem ser definidas?), o que levou à realização de maus projectos. Como exemplo as auto-estradas que não têm circulação considerada suficiente para as justificar (3,000-4,000 veículos em lugar de 12,000 /dia), com a decisão política de ligar todas as capitais de distrito por auto-estrada.
b) a tentação orçamental – realizar investimento sem aparecer no défice público nesse momento em que é realizado, o comparador do sector público não foi sempre utilizado (ou sequer calculado).
c) fizeram-se muitos projectos, em que cada um é uma pequena parte de um volume global que acaba por ser muito significativo.
Depois do processo associado com o lançamento de PPPs, há o seguimento – frequentemente o processo para o sector público parecia terminar na assinatura do contrato, mas na verdade esse é apenas o começo de uma outra fase. E houve muitas renegociações de alterações unilaterais de contrato (nomeadamente nas PPP rodoviárias), sem se ter um cálculo detalhado de qual foi o custo dessas alterações.
Como bom exemplo deu a Fertagus, em que houve a renegociação para valores sustentáveis, com bom serviço aos utentes, sendo provavelmente relevante o risco reputacional e o menor poder negocial do parceiro privado por estar em processo financeiro delicado.
Uma recensão mais longa do livro está disponível aqui, e informação sobre um outro livro que analisa as PPP em Portugal: aqui .