das notícias de ontem chegaram ecos do final da recessão técnica – termo que significa apenas que os indicadores de actividade económica não decresceram no último trimestre medido face ao penúltimo, o que só é novidade porque há mais de dois anos que tal não sucedia.
Não será o final das dificuldades, nem ainda o retomar de um crescimento económico que reponha o nível de vida, desta vez alicerçado em produtividade e capacidade produtiva.
Em ritmo de férias, e face a estas notícias, decidi olhar para o lado e ver se haveria algum sinal coincidente. E fiquei com dúvidas.
Olho para a direita, e o local onde compro pão fresco de manhã, que abre às 8h30 às 9h00 já esgotou o pão (e não porque tenha muitos clientes), e o stock dos restantes produtos tem decrescido sucessivamente ao longo da semana, em produtos como alfaces, laranjas, fiambre embalado, etc… (aquelas coisas de tempo de praia). Está quase vazio. Quem está a atender e a gerir a lojeca quando inquirida só diz “não sei” (nisso mantém-se igual à situação de há dois anos). A crise toma aqui a imagem de prateleiras vazias, literalmente vazias, e não por falta de procura. Apesar da crise, pouco ou nada mudou no processo e na atenção ao cliente (mesmo que sazonal).
Olho para a esquerda, e penso nas tentativas dos últimos dias de marcar um restaurante para jantar, normal, e que nesta época do ano é melhor sempre tentar reservar mesa mesmo numa tasca ou casa de pasto. Surpresa, na segunda-feira não aceita reservas para o dia, nem para o dia seguinte, nem para o outro, isto só lá para sexta-feira. Ou a crise fez com que toda a gente viesse para o mesmo sítio, ou a crise acabou e face aos anúncios do fim da recessão técnica toda a gente decidiu comemorar. (enfim, quanto ao jantar, nada que uma água a ferver e umas massas não resolvam a contento).