Momentos económicos… e não só

About economics in general, health economics most of the time


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mais duas novas portarias sobre medicamentos

Portaria n.º 4/2012 de 2 de janeiro

“O Decreto-Lei n.º 112/2011, de 29 de Novembro, estabeleceu o novo regime de preços dos medicamentos de uso humano sujeitos a receita médica e dos medicamentos não sujeitos a receita médica comparticipados, determinando que as matérias previstas no articulado e os respectivos procedimentos sejam regulamentados por portaria dos membros do Governo responsáveis pelas áreas da economia e da saúde. Importa assim estabelecer as regras de formação dos preços dos medicamentos, da sua alteração e da sua revisão anual, bem como os respectivos prazos. Concretiza-se também a redução de preço de medicamentos genéricos em relação aos medicamentos originadores, prevista no Memorando de Entendimento sobre as Condicionalidades de Política Económica firmado pelo Governo Português com o Fundo Monetário Internacional, a União Europeia e o Banco Central Europeu. Definem-se também os prazos a aplicar em 2012, excepcionalmente, de forma a operacionalizar a revisão de preços neste ano, com benefício para o Serviço Nacional de Saúde e os Utentes da revisão de preços estabelecida.”

Portaria n.º 3/2012 de 2 de janeiro

“O Decreto -Lei n.º 112/2011, de 29 de Novembro, estabeleceu no seu artigo 12.º que a revisão excepcional de preços dos medicamentos pode ocorrer por motivos de interesse público ou por iniciativa do titular da autorização da introdução no mercado, devendo a definição dos critérios, prazos e demais procedimentos que presidem à mesma ser definidos por portaria dos membros do Governo responsáveis pelas áreas da economia e da saúde.”


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para leitura dos próximos dias

Saiu recentemente  a avaliação da Comissão Europeia dos primeiros meses do Memorando de entendimento, para leitura e comentário nos próximos tempos: aqui. Será também instrutivo ir comparando com as revisões de situação da Grécia e da Irlanda, para se ir vendo de quem estamos mais próximos aos olhos da Comissão Europeia, da Irlanda ou da Grécia.


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Documento de estratégia orçamental (II)

O Documento de Estratégia Orçamental estabelece – suponho que o podemos tomar como compromisso – uma agenda de transformação estrutural da economia portuguesa.

Tenho desde logo problemas com o título – o Estado NÃO consegue transformar estruturalmente a economia, excepto nas direcções erradas – pode certamente nacionalizar tudo ou contratar funcionários públicos, mas não pode assegurar que serão criadas novas empresas privadas, ou que volume de emprego privado será criado.

O Estado pode criar as condições necessárias para essa transformação estrutural possa ter lugar. E pensar deste modo retira das mãos do Estado o poder de controlar e dirigir directamente a economia, para o poder de enquadrar e permitir direcções de exercício de liberdade económica.

Mas vejamos a agenda de transformação:

– privatizações – a redução do Estado empresário é fundamental em várias dimensões, de financiamento, de falta de concorrência, de protecção implícita, e vai obrigar em alguns sectores a um maior rigor de acompanhamento regulatório e ou de defesa da concorrência. Resta saber se o Estado, nas suas diferentes vertentes, não será “capturado” pelas grandes empresas privatizadas. É um risco a acautelar.

– aumento da concorrência – apenas publicar uma nova lei será pouco eficaz, não são a actuação da Autoridade da Concorrência terá de corresponder à nova lei (ainda desconhecida), como o sistema judicial terá que dar resposta. O novo tribunal especializado é uma incógnita.

– desvalorização fiscal – claramente, só cá está porque foi explicitamente mencionada pela troika. É claro do documento que não se acredita no poder da desvalorização fiscal. Uma desvalorização fiscal faseada é uma boa forma de dizer que não produz efeitos, e deixar cair na primeira oportunidade (se vier a existir de todo).

– liberalização das profissões reguladas – não é claro, neste documento, quais são, mas pelo menos fica a intenção de maior acesso ao exercício destas profissões por profissionais qualificados de outros países da União Europeia. A melhor forma de introduzir concorrência é abrir a entrada. Assim se concretizem as intenções. Não faltarão os protestos das profissões.

– reforma do sistema judicial – é dos aspectos mais essenciais a serem resolvidos, o mais rapidamente possível. Gostava de começar por ver discutido porque é que no entender deste Governo as reformas anteriores não resultaram, e apoiar esse diagnóstico com dados. Isto porque temos ouvido repetidas vezes falar da importância desta reforma, sucessivos governos anunciaram várias reformas (ou remendos), mas em cada momento que se inicia uma nova reforma / remendo esquece-se a evidência sistemática, e tudo aparenta ser baseado em palpites ou esperanças (mais ou menos informados). O que é pouco para uma área central.

– funcionamento do mercado de trabalho – dada a importância política e junto da população, bem como da demagogia na discussão à sua volta, é dito surpreendentemente pouco nesta parte do documento.

Depois desta agenda de transformação, o documento entra no cenário macroeconómico, e a maior surpresa desse cenário macroeconómico é não se ter a mínima ideia de como cada elemento da agenda de transformação contribui em termos de recuperação orçamental e em termos de crescimento económico. Não era suposto as duas coisas estarem ligadas? A agenda de transformação não é para crescer mais? Só sabendo a contribuição de cada medida, isoladamente e em conjunto, se poderá falar de prioridades e contributos.

Na discussão do cenário macroeconómico a evolução das grandes rubricas habituais, consumo, investimento, exportações, etc…, é completamente desligada dos efeitos da agenda de transformação. Ou esta só tem efeitos depois do prazo do cenário (e devia ser dito), e ficamos sem saber o que nos guia durante os próximos anos; ou não se tem qualquer ideia dos seus efeitos, e nesse caso damos um passo em frente com base na fé.

Tenho que reconhecer, honestamente, que não é fácil fazer a ligação entre as medidas da agenda da transformação e o crescimento da economia, efectivo e do produto potencial. No entanto, a dificuldade de o fazer significa que provavelmente apenas o Governo terá os recursos técnicos e de informação para estabelecer alguma presunção de efeitos. O Estado deve ter consigo uma exigência de rigor técnico que lhe permita responder a estas questões, de uma forma tecnicamente sustentada. Se existe essa análise e é considerada demasiada técnica para uma comunicação geral, então poderia ser disponibilizada em documentos técnicos para quem quisesse ver.


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Conferência anual da EGA

Participei na conferência da EUROPEAN GENERIC MEDICINES ASSOCIATION – 17th EGA Annual Conference – Generic Medicines Enhancing Pharmaceutical Competition and Ensuring Healthcare Sustainability (programa aqui). (16 de Junho de 2011)

Embora tenha decorrido em sistema de mesa redonda, moderada (e muito bem) pela Marina Caldas, a base da minha participação está no seguinte conjunto de slides. A conversa andou também à volta de outros aspectos, embora o tema que mais tempo recebeu tenha sido a chamada “patent linkage”.


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Apresentação no III Congresso da Ordem dos Enfermeiros

No dia 3 de Junho de 2011 participei no III Congresso da Ordem dos Enfermeiros, com uma apresentação sobre o tema “Os custos dos cuidados e as suas várias dimensões”, proposto pela organização.

A apresentação encontra-se disponível aqui: 3cong-enf-ppb.