E a edição da semana que passou tem que forçosamente ser sobre o crescimento da COVID-19 nos últimos dias, disponível aqui.
Número da semana: 158 – número de dias desde que saímos do confinamento, e é o número de dias que levou a voltarmos a estar ao mesmo nível em termos de números, mas pior em termos de tendência. Se há 5 meses estávamos numa encruzilhada de incerteza – se conseguíamos ou não manter a contenção que se tinha alcançado com o confinamento, aprendemos que era possível controlar; agora estamos numa encruzilhada mais difícil, baixar os contágios sem voltar ao confinamento.
O que temos hoje que não tínhamos antes?
Maior conhecimento – na parte médica e no comportamento para evitar riscos
Maior capacidade de fazer testes, e capacidade crescente de testes rápidos (que não surgindo no mundo)
Mais próximos da vacina
Mais consciência do custo de oportunidade de “fechar o país” – o que se tem deixado de tratar de problemas de saúde, os riscos de rotura económica do ponto de vista individual, que penaliza também a saúde, e a prazo pode minar a própria coesão social.
Maior fadiga social com as necessidades de distanciamento físico
Tudo junto não é certo o que serão as próximas semanas.
Análise da semana:
Olhando para os valores de mobilidade medidos pela Google, via informação de locais onde telemóveis ativos foram registados, houve um pico de mobilidade para praias e locais de férias na terceira e quarta semanas de Agosto, o que colocando 10 a 14 dias nos coloca em início de setembro, que foi o momento em que arrancou o crescimento de contágios (novos casos), que nos trouxe agora para valores acima dos 1000 casos. Não houve, este último mês e meio, maior mobilidade para restaurantes e espaços de lazer, ocorreu um aumento pequeno na presença em meios de transporte público. Não creio que seja de “culpar” a abertura das escolas e o esforço que aí foi feito para controlar contágios.


Olhamos para o resto da Europa, e o que vemos?

O que podemos fazer melhor:
Plano para o cidadão
Plano para as escolas
Plano para as urgências hospitalares – antecipar em lugar de remediar
Acompanhar os lares
Média de novos casos diários por semana (semana “Gabinete de crise”, de 6ª a 5ª seguinte)
Lisboa e Vale do Tejo | Resto do País | Total nacional | |
8 a 14 de maio | 119 | 110 | 229 |
15 a 21 de maio | 159 | 69 | 228 |
24 de julho a 30 de julho | 155 | 58 | 213 |
31 de julho a 6 de agosto | 111 | 59 | 170 |
7 de agosto a 13 de agosto | 132 | 80 | 212 |
14 de agosto a 20 de agosto | 115 | 81 | 196 |
21 de agosto a 27 de agosto | 125 | 115 | 240 |
28 de agosto a 3 de setembro | 154 | 185 | 340 |
4 de setembro a 10 de setembro | 198 | 241 | 439 |
11 de setembro a 17 de setembro | 308 | 302 | 610 |
18 de setembro a 24 de setembro | 348 | 332 | 680 |
25 de setembro a 01 de outubro | 387 | 362 | 749 |
02 de outubro a 08 de outubro | 371 | 505 | 876 |
Nota: valores arredondados à unidade
Média de valores diários por semana (semana “Gabinete de crise”, de 6ª a 5ª seguinte)
Óbitos | Internados | Internados em UCI | ||
8 a 14 de maio | 11 | 763 | 114 | |
15 a 21 de maio | 13 | 636 | 104 | |
24 de julho a 31 de julho | 3 | 408 | 46 | |
31 de julho a 6 de agosto | 2 | 382 | 41 | |
7 de agosto a 13 de agosto | 4 | 363 | 35 | |
14 de agosto a 20 de agosto | 3 | 332 | 38 | |
21 de agosto a 27 de agosto | 3 | 318 | 41 | |
28 de agosto a 3 de setembro | 3 | 338 | 41 | |
4 de setembro a 10 de setembro | 3 | 373 | 47 | |
11 de setembro a 17 de setembro | 5 | 459 | 59 | |
18 de setembro a 24 de setembro | 6 | 528 | 68 | |
25 de setembro a 01 de outubro | 7 | 649 | 96 | |
02 de outubro a 08 de outubro | 10 | 718 | 106 | |
Nota: valores arredondados à unidade
Alerta/mito – “o país não pode voltar a fechar” – é um alerta das entidades oficiais, mas também um mito – se a situação continuar a evoluir negativamente, irá inevitavelmente colocar pressão excessiva sobre o SNS, nomeadamente sobre as urgências hospitalares, a porta de entrada 24/7 no SNS, e em situação de rotura, o país parará, voluntariamente ou por decisão governamental. Nota de esperança: no caminho de aprendizagem que se vai fazendo, uma avaliação recente de risco encontrou um risco bastante baixo de apanhar a COVID-19 num avião – utilizam filtros de ar sofisticados, e há menor risco de contrair a COVID-19 do que nas escolas, supermercados, escritórios, etc. Ainda não é o tempo de retomar o ritmo de viagens que existia há um ano, mas as condições para o fazer em segurança estão a ser criadas, e provavelmente numa perspetiva mais geral estamos a encontrar mecanismos para reduzir as possibilidades de contágio.