O programa semana Gabinete de Crise, na Rádio Observador, tendo como convidado José Fragata, cirurgião cardio-torácico e vice-reitor da Universidade Nova de Lisboa para a saúde.
O resumo habitual da minha intervenção (mais coisa, menos coisa)
Número de semana: 504,4 milhões de euros no Orçamento Suplementar, destinados ao Ministério da Saúde. Destes, 76 milhões de euros para reforço da resposta de medicina intensiva à COVID-19 e 410,2 milhões de euros são para aquisições de bens e serviços que incluem os equipamentos de proteção. Estes últimos valores mostram a importância da proteção dos profissionais de saúde para que o Serviço Nacional de Saúde continue a cumprir o seu papel. Esta proteção vai ser necessária, bem como a preparação dos espaços e a criação de unidades sem doentes COVID-19, e com reforço de toda a proteção dos profissionais nas unidades dedicadas ao tratamento da COVID-19. De qualquer modo, não está em cima da mesa limitar-se a proteção dos profissionais de saúde.
Três focos desta semana merecem destaque – numa festa do Algarve, em lares no Norte e Centro do país, e no IPO de Lisboa. Todos detetados de forma rápida, e com intervenção também rápida das autoridades de saúde. Mas que que revelam onde temos de estar com atenção.
Na festa do Algarve, a importância das decisões sociais como parte do problema e parte da solução – terá o sucesso da resposta inicial levado a uma diminuição do receio com a pandemia? No início não se sabia muito sobre quem seria afetado e quanto. Ao fim de três meses, esse receio pode diminuir porque muita gente não conhece diretamente quem teve COVID-19 e tenha estado internado. E sobretudo não há muitos desses casos nos mais jovens, contribuindo para reforçar a ideia de que talvez “isto” – a COVID-19 – não seja assim tão grave.
Nos lares, a reafirmação do ambiente de risco nas estruturas residências para idosos, e a necessidade de equilibrar as vidas dos profissionais que nelas trabalham com a segurança de quem lá vive, e a colaboração necessária dos familiares que os visitam.
No IPO de Lisboa, 8 profissionais (3 médicos, 3 enfermeiros, 2 assistentes operacionais) e 12 doentes – voltando a mostrar que os profissionais de saúde continuam a ser um grupo de risco mesmo apesar das medidas de segurança que são tomadas.
Quanto aos indicadores de seguimento, nos casos confirmados, esta semana ligeiramente melhor que a semana passada, no geral e em Lisboa, embora no resto do país já se tenha estado melhor. Estamos numa fase de “cozedura lenta”, à espera de uma baixa mais permanente. O número de internados, no total e em UCI, esta semana subiu ligeiramente, provavelmente como reflexo do aumento de casos confirmados nas últimas duas a três semanas.
Média de novos casos diários por semana (semana “Gabinete de crise”, de 6ª a 5ª seguinte)
Lisboa e Vale do Tejo | Resto do País | Total nacional | |
8 a 14 de maio | 118 | 110 | 229 |
15 a 21 de maio | 158 | 68 | 227 |
22 a 28 de maio | 206 | 34 | 240 |
29 maio a 4 junho | 259 | 25 | 285 |
5 de junho a 11 de junho | 289 | 42 | 331 |
12 de junho a 18 de junho | 258 | 52 | 311 |
Nota: valores arredondados à unidade
Média de valores diários por semana (semana “Gabinete de crise”, de 6ª a 5ª seguinte)
Óbitos | Internados | Internados em UCI | |
8 a 14 de maio | 11 | 762 | 113 |
15 a 21 de maio | 13 | 636 | 103 |
22 a 28 de maio | 13 | 532 | 75 |
29 maio a 4 junho | 12 | 470 | 61 |
5 de junho a 11 de junho | 7 | 403 | 61 |
12 de junho a 18 de junho | 3 | 427 | 71 |
Nota: valores arredondados à unidade
Mito da semana: a descoberta de uma cura para a covid-19, como erradamente se poderia pensar de algumas noticia desta semana. O que se encontrou foi um medicamento que parece, ainda à espera de mais dados, ser útil em doentes internados em estado grave. Ou seja, nada que justifique pensar neste medicamento, dexametasona, é a solução para a COVID-19. As precauções para evitar contágio continuam a ser a melhor opção para todos.
Esperança de semana: A abertura das escolas no Norte da Europa, com precauções e sem problemas de aumento de contágios, sugere que está na altura de se voltar à normalidade possível no funcionamento escolar, para minimizar os efeitos sobre as crianças e a sua aprendizagem. A esperança é que aprendamos com quem vai mais avançado, e rapidamente acertemos o ritmo de reabertura de escolas com esses exemplos.
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