Momentos económicos… e não só

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Observatório mensal da dívida dos hospitais EPE, segundo a execução orçamental (nº 61 – Outubro 2019)

Nada a acrescentar ao mês passado, a não ser mais um número que confirma a tendência de crescimento (longo bocejo de tédio). Previsões para os próximos meses: crescimento continua no próximo mês, dado que outubro foi mês de eleições. Em novembro, com a preparação do orçamento do Estado deve ser anunciado novo esforço financeiro para as contas da saúde (a paixão desta nova legislatura?), que se traduz num acelerado crescimento da dívida (a sair das caixas e sacos onde estiverem enfiadas as facturas não pagas), para depois cair com as injeções de verbas e com ajustes de final de ano (de preferência a que stock no final do ano seja menor que o stock no final do ano passado). Chega-se a Janeiro, recomeçar o ciclo!

 

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Observatório mensal da dívida dos hospitais EPE, segundo a execução orçamental (nº 60 – Setembro 2019)

Com a publicação do execução orçamental de Setembro, ficou disponível o valor dos pagamentos em atraso dos hospitais EPE referente a Agosto de 2019, que confirma o que se receava com o valor de Julho – a tradição ainda é o que era, e depois de verbas extra baixarem o stock de pagamentos em atraso, a realidade retoma o seu curso normal de crescimento, neste caso consistente com valores anteriores à volta dos 46 milhões de euros por mês, acima do que tinha sido conseguido nos primeiros 6 meses do ano (que foi de 26 milhões de euros mês), que por sua vez surgia na sequência de (mais) uma forte injecção de capitais nos hospitais EPE. Se o primeiro semestre de 2019 sugeria que alguma coisa poderia estar a mudar, estes valores mais recentes colocam em dúvida. Se olharmos para os últimos 4 anos, não houve um único período de descida sistemática da dívida dos hospitais EPE, que exprimisse uma tendência de redução. Desde o Verão de 2015 até final de 2016, houve um crescimento sistemático, e regular, um pouco por patamares, mas sem grandes surpresas. Injecção de verbas, e no inicio de 2017 o ritmo de crescimento dos pagamentos em atraso tem um ano de crescimento muito acelerado, algum dinheiro mais no final do ano, e logo nova aceleração nos pagamentos em atraso. Muito dinheiro depois, para se poder dizer que no final do ano o stock de dívida é mais baixo, e logo se retoma o crescimento durante o ano de 2018. Cria-se a estrutura de missão conjunta, “rega-se” novamente com muitas verbas no final do ano, permitindo novamente dizer, “o stock de dívida mais baixo dos últimos anos”, mas o crescimento retoma embora mais fraco do no que ano de 2018, que por sua vez já tinha abrandado face a 2017. Daí que o desapontamento com os três valores no final deste Verão seja sobretudo com se inverter a tendência para o ritmo de crescimento diminuir após cada disponibilização de verbas adicionais. Com o inicio de novo ciclo político, está na altura de ensaiar novas soluções, ou ser mais persistente com algumas das ideias já tentadas, desde que haja uma avaliação clara dos resultados dessas tentativas. E talvez seja o momento de dar mais atenção ao caso de cada hospital em lugar de se olhar apenas para o valor agregado. Deixo a sugestão de o Ministério da Saúde e/ou o Ministério das Finanças passar a publicar mensalmente (ou trimestralmente) o relatório da dívida de cada hospital EPE, que contenha este gráfico para cada hospital, com um breve comentário da gestão do hospital quanto ao que está subjacente ao crescimento dos pagamentos em atraso. Os hospitais que estejam no top 25% dos que criam mais pagamentos em atraso em cada trimestre seriam incluídos num sorteio para se escolher dois ou três que teriam de receber uma auditoria de gestão para se perceber os fundamentos da dívida criada (e em que uma das conclusões possíveis será, obviamente, que é pedido ao hospital que preste serviços desfasados das verbas que são disponibilizadas – o chamado subfinanciamento é hoje em dia uma explicação concorrente do velho argumento do “desperdício”).

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Prémio Nobel da Economia 2019 para

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É possível ler aqui os motivos da atribuição do Nobel deste ano. Juntam-se neste prémio Nobel de 2019 duas linhas: o contributo para aliviar a pobreza e entender os mecanismos de desenvolvimento que retiram populações dessa situação e o contributo metodológico de como entender adequadamente os mecanismos que estão presentes, e perceber que intervenções vale a pena ter ou não ter.

Na Universidade Nova de Lisboa, o centro Novafrica liderado por Cátia Batista e Pedro Vicente trabalha precisamente nesta linha de investigação, num paralelo com o centro J-PAL – Poverty Action Lab, do qual Banerjee e Duflo foram fundadores.


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Nobel da Economia 2019 – para quem?

Segunda-feira 14 é anunciado o Nobel da Economia, o verdadeiro nome é “The Sveriges Riksbank Prize in Economic Sciences in Memory of Alfred Nobel”.

Alguns candidatos para o prémio de 2019, baseados nas contribuições de longo prazo (por contribuições para as atuais teorias macroeconómicas, no caso de Olivier Blanchard e N. Gregory Mankiw, e para a teoria microeconómica Paul Milgrom). No caso de Paul Milgrom, é um candidato a receber o prémio já há alguns anos. Veremos se é este o ano.

Mas se a decisão for para uma nova geração de economistas, duas pessoas que têm grandes possibilidades de receber o prémio, agora ou num futuro próximo, são Daron Acemoglu, que tem escrito e sido influente em várias linhas, e Esther Duflo, com o seu trabalho consistente na área de economia do desenvolvimento.

Mas aceitam-se outras ideias (hesitei em colocar David Card – falado também há vários anos, e Richard Blundell, do lado da econometria). Quem tiver outras sugestões, pode adicionar. Segunda-feira, 14 de Outubro, saberemos.

 

Editado às 22h, 13 de Outubro: os votos em “outros” são, todos com 1 voto: Sérgio Rebelo, Ariel Makes, David Card, Robert M. Townsend e/ou Abhijit Banerjee (economia do desenvolvimento), Israel Kirzner e Mário Centeno (há sempre alguém que não resiste…).