Com uma semana de atraso, aqui fica mais uma edição deste Observatório. Coincide com alguma visibilidade pública do tema, mas antes de comentar diversas posições que têm sido expressas vale a pena olhar com detalhe para o que dizem os números. Mais uma informação mensal sobre execução orçamental divulgada pela Direção-geral do Orçamento, mais um número deste Observatório. A principal constatação do valor da dívida dos hospitais EPE para Fevereiro de 2017 é a constatação de se manter um efeito de recuperação da dívida para valores anteriores aos da regularização que levou à redução desse valor em Dezembro de 2016. A média de crescimento dos dois primeiros meses de 2017 foi de 63.9 milhões de euros por mês, bastante superior ao que era o ritmo histórico dos últimos anos em momentos de crescimento da dívida. Esta evolução faz com que o valor em finais de fevereiro se aproxime do que seria essa dívida caso não tivesse ocorrido a descida em dezembro de 2016. A manterem-se estes ritmos, com mais 6 meses (lá para Agosto), a dívida dos EPE terá o valor de tendência histórica caso não tivesse ocorrido a descida em Dezembro de 2016. Ou seja, há um recuperar da trajectória histórica com um crescimento mais rápido neste momento. A vir a ocorrer esta convergência para o valor historicamente previsível significa que a redução em dezembro de 2016, à semelhança do que sucedeu noutras ocasiões, foi um episódio extraordinário, sem ter correspondido a uma alteração de fundo na dinâmica das dívidas dos hospitais EPE, mantendo-se os problemas que elas dão origem.
O primeiro gráfico mostra a evolução com as linhas de tendência estimadas, onde é claro o maior ritmo de crescimento nos últimos dois meses. O segundo gráfico ilustra o que está a ser o processo de convergência para o valor historicamente previsível.
O quadro apresenta as habituais estimativas de crescimento da dívida, com a individualização da tendência dos últimos dois meses (63.88 milhões de euros por mês) face ao tendência histórica (28.4 milhões de euros por mês).