Uma noticia de ontem aqui sobre a nova cerâmica Valadares. O aspecto que mais me chamou a atenção foi o ter passado pouco tempo (para Portugal) até se encontrar uma nova utilização produtiva dos mesmos activos, físicos e humanos, uma vez que irão ser contratados antigos trabalhadores pelo conhecimento que possuem. À frente do projecto irão estar antigos dirigentes da empresa. Desde há muito que um dos problemas de funcionamento da economia portuguesa é deixar que os activos produtivos (equipamento, pessoas, capital organizacional) se perca rapidamente sempre que uma empresa entra em falência. Cabe agora à empresa, à gestão e aos trabalhadores que forem contratados, mostrar que tem capacidade de ser rentável.
No mesmo dia foi dada a notícia de que a Autoeuropa irá parar um dia para acomodar a falta de peças resultante de um incêndio numa das empresas que a fornece. Significa que os riscos de uma gestão muito exigente de stocks são partilhados com os trabalhadores, dando flexibilidade à empresas para manter um elevado padrão de produtividade. Também no sector do calçado (pelo menos) houve “adaptabilidade de horário” (creio ser este o termo), e o hoje é um sector com reputação internacional e fortemente exportador.
É esta capacidade de renovação e de adaptação que tem de ser procurada pelas empresas e trabalhadores e que levará, se generalizada, ao crescimento da economia portuguesa. Não me surpreenderia saber que há ainda muitas empresas paradas com os equipamentos a estragarem-se e os trabalhadores com elevado conhecimento específico a perderem-no, ou empresas onde um pouco de flexibilidade nos horários e dias de funcionamento poderia contribuir para uma gestão mais eficiente.
10 \10\+00:00 Março \10\+00:00 2015 às 12:09
E do velho não obsoleto se faz novo renovado.O drama deste País na Indústria, Agricultura e Serviços é que parece que só o novo é inovador.Quando na verdade só é, muitas vezes,mais rentável para novas soluções de investimento .
Comparar os resultados do PEDIP I com os do PEDIP II é sempre útil. Para perceber que a lei da sobrevivência ainda é a grande base para muito mais desenvolvimento do que o que se espera só do novo novo.Para além de equipamentos novos e só gente nova.
O mundo por lei avança.No nosso caso com o peso da burocracia de Estado a ajudar o avanço lento.
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10 \10\+00:00 Março \10\+00:00 2015 às 17:22
Caro Prof. Pita Barros,
Parece-me que parte do “mérito” é devido à reforma do sistema de insolvências/recuperação de empresas. Com o sistema antigo, existia um incentivo “de facto” para fechar as empresas, porque esse era o melhor resuldado (em termos monetários) para o admnistrador de insolvência. Como o sistema novo, não é bem assim, pelo que empresas viáveis com algum “esforço” têm uma hipótese real de se regenerarem.
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