[1] Um problema político, económico ou ético?
” a) os serviços de saúde, incluindo as urgências hospitalares, nunca estão dimensionadas para satisfazer o máximo pico de procura que possa existir ”
Não seria aceitável estarem dimensionadas? Pelo menos para garantir os doentes com prioridades “urgentes”?
Aceitamos isso noutras áreas de actividade… porque não nesta( a da Saúde)?
Pedro Pita Barros não é verdade que aceitemos esse princípios noutras áreas – as escolas não estão dimensionadas para aceitar toda a procura que livremente as escolhesse; os serviços da administração pública no seu atendimento não estão dimensionados para a procura máxima que possa ocorrer; as estradas não estão dimensionadas para a máxima procura da sua utilização que possa ocorrer; A razão para não ter tudo dimensionado para o pico de procura é o custo de ter excesso de capacidade durante o resto do tempo, que tem de ser paga – por exemplo, ter médicos e enfermeiros sem terem doentes para cuidar. Diferente é ter adaptação aos períodos de sazonalidade, em lugar de capacidade instalada igual ao longo de todo ano, em nível para satisfazer o máximo de procura que pudesse ocorrer.
[1] Usando se seguida um pouco de populismo… Existem muitos aeroportos de Beja, A17 ou A32 na “Saúde” ? Aceitamos a existência dum Exército (e muito bem penso eu), Marinha e Força Aérea em tempo de paz…
E no entanto aceitamos que mesmo durante o ano, desde praticamente sempre, todos os anos, as Urgências estejam sempre numa contínua “luta” por tempos de espera aceitáveis. No Inverno então é sempre o descalabro. Os níveis de stress e risco para os portugueses (ao que parece é uma tendência mundial) são comparáveis a uma guerra e os mortos também. As coisas podem parecer muito exageradas mas é algo assim semelhante em termos de saldos de mortos . Por isso… Nem sequer é comparável a outras áreas da administração pública. É mesmo uma situação de guerra. Compare-se o número de mortos.
Quantas mortes e incapacidades se conseguiriam evitar ? A que custo face aos recursos aqui hipotecados ? Face ao uso dos recursos nesta “aposta” que tipo de discussão é ?
Pedro Pita Barros Não argumentei que a capacidade actual é adequada, apenas que a existência de picos que excedem a capacidade instalada é algo que pode suceder, pois os custos de sistemas dimensionados para satisfazer o máximo de procura que possa existir em todo e qualquer momento seriam excessivos. O que significa que os mecanismos para lidar com esses picos têm que ser previstos, para poderem ser aplicados quando necessário, e não estarem permanentemente “ao serviço”. Mas creio que a segunda parte (não populista) é sobre se a capacidade instalada usual é mesmo adequada, o que me parece uma pergunta perfeitamente legitima.
(sobre populismo – não sei se os submarinos foram assim tão bem aceites ;-))
[2] Em Inglaterra acontece o mesmo: excesso de procura por causa da gripe. Parece que o subdimensionamento é idêntico
[3] Uma solucao seria a reducao da atividade programada de prestacao de cuidados nao electivos (tipo cirurgias nao electivas, consultas anuais de follow up simples, etc) consequente realocacao PROGRAMADA dos profissionais entre as C.Externas para a Triagem/ Peq Cirurgia/ e Urgencia de Especialidades ; e o Bloco e Anestesia para a Reanimacao /e via verdes. Isto sim é gestao integrada, nao so entre as unidades fisicas/libertando camas / respeitando, mas tambem de optimizacao de RH, alocando os de acordo com as suas competencias onde fazem falta.
Afinal de contas é o que muitos profissionais MD, ENFd, AOs, que trabalham no sector publico, fazem nas suas prestacoes de servicos nas unidades de saude privadas…
No sobe e desce entre pisos e servicos para assegurar a qualidade seguranca do utente.
Q se está à espera?! Criar mais rendas do OE para privados ou optimizar RH para concorrer em igualdade de contencao de custos, mantendo a qualidade a que todos temos direito c/ a maxima seguranca?
Alguem ja se questionou que autorizacao da contratacao de + Medicos + Enfs + AOs só será finalizada no final da epoca gripal, e a sua eficiencia maxima sera atingida al do prox verao?!
25 \25\+00:00 Janeiro \25\+00:00 2015 às 00:11
Uma nota em relação ao [1] e ao [3]:
Ao contrário de muita gente (PS incluído, ao que parece) sou contra a dedicação exclusiva dos médicos no sistema público. Considero que o facto de poderem exercer no privado é uma mais valia, pois permite que recebam mais sem abandonarem o serviço público. Adicionalmente, o nível de prática obtido num hospital público (onde aparece literalmente de tudo) é diferente dos doentes mais “seleccionados” do privado.
Esta introdução para dizer o quê: porque não contratualizar, ao contrário da dedicação exclusiva, um regime de excepção que possa ser activado em caso de picos de afluência (podendo-se definir um pico como uma procura superior em 75-100% à média anual na unidade em causa) em que os médicos que trabalham em regime “misto” tivessem que prescindir nessas instâncias do privado e trabalhar no público? Seriam remunerados pela tabela normal e os vínculos com os privados estariam protegidos por via legal (i.e. não contariam como faltas, caso trabalhassem por conta de outrém). O licenciamento das unidades privadas poderia à partida conter esta claúsula para evitar casos de processos cíveis por perdas e danos contra o Estado.
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