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11º Congresso Nacional das Farmácias

2 comentários

Decorreu na semana passada, 18 e 19 de Outubro, o 11º congresso nacional das farmácias. Alguns pontos a destacar das intervenções sobre “Contributo da farmácia para uma saúde sustentável”, em sessão moderada por Eurico  Castro Alves (presidente do Infarmed). (escolhas pessoais, outros poderão ter encontrado pontos mais importantes).

A. Vaz Carneiro: apresentação do estudo do CEMBE sobre as poupanças que poderão ser obtidas com transferências de cuidados hospitalares para cuidados primários e continuados. Os números chave: 34,4 M€ em consultas externas que passariam para os cuidados de saúde primários, 91,4M€ em urgências; 12,25 M€ em casos sociais e 2M€ de casos para a rede de cuidados continuados.

Alexandre Lourenço: 1% das pessoas são responsáveis por 25% da despesa em saúde, 5% são responsáveis por 50% e 10% por 2/3 da despesa. Definição de núcleo de cuidados de saúde de elevada qualidade e eficiência, o crescimento deste núcleo tem que ser feito à custa da redução da periferia de ineficiências e tarefas não clinicas realizadas por profissionais de saúde. ACSS vai promover a contratualização com base em resultados de saúde.

Kate Mulvenna (Irlanda): Descrição do sistema irlandês com destaque para a preocupação com os  medicamentos novos (high tech), que são 20% actualmente do total e para os quais têm a previsão de que venham a ser 50% do total em 2020. Papel das farmácias na criação de ligação entre médico e farmacêutico – para um pagador qual a melhor forma de ter um trajecto adequado para o doente? Como usar o triângulo doente – médico – farmacêutico para reduzir o desperdício e obter melhores resultados?

José Luís Biscaia: farmácias e médicos de medicina geral e familiar – parceria para o futuro. Descreveu o que é a identidade das USF (unidades de saúde familiar), passando depois à conceptualização de como operacionalizar parcerias: centrar nas pessoas e não no medicamento, gestão do conhecimento por organizações inteligentes, partilha de resultados, definição do trajecto do doente, utilização de sistemas de informação como instrumento. Deu exemplos dessas parcerias: avaliação do risco cardiovascular, gestão da doença aguda, protocolos de intervenção e formulários locais. Ganhos esperados destas iniciativas de parceria: qualificação do acesso, melhores resultados, uso racional do medicamento, ganhos de eficiência, maior segurança do doente, maior capacitação de todos.

Na sessão de encerramento, Maurício Barbosa, Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, retomou o tema das parcerias, sugerindo que deveriam ser experimentadas iniciativas como os círculos de qualidade que existem na Suíça, eventualmente financiados por alguma parte das verbas que o sector paga em taxas para o Infarmed. Anunciou também a realização de um estudo sobre o valor económico do acto farmacêutico. Paulo Duarte, presidente da ANF, reclamou nova política do medicamento e coragem para a implementar. Eurico Castro Alves, presidente do Infarmed e em representação oficial, referiu a importância de garantir o acesso ao medicamento (leia-se, preços baixos), a disponibilidade para identificar oportunidades para melhorar o sistema de distribuição e dispensa de medicamentos, vincando que o diálogo não se esgota nos aspectos financeiros e que o papel da farmácia é mais do que dispensa de medicamentos.

Autor: Pedro Pita Barros, professor na Nova SBE

Professor de Economia da Universidade Nova de Lisboa.

2 thoughts on “11º Congresso Nacional das Farmácias

  1. Boa tarde Sr Pedro

    Tenho visualizado com alguma regularidade o seu blog pois tem sido extremamente rco para mim concordando ou no com algumas opinies suas. Muito obrigado por me dar este grand conhecimento. Caso o Sr Pedro deseje eu gostva de trocar algumas opinies.

    Obrigado

    Pedro Miguel Oliveira

    Date: Fri, 25 Oct 2013 11:42:19 +0000 To: alexus1@live.com.pt

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  2. Eu acrescentaria uma excelente apresentação do Prof. Pedro Pita Barros, que certamente por modéstia não referiu!

    Um Novo Modelo de Remuneração para as Farmácias, de um trabalho que está a ser desenvolvido pela sua equipa Nova School of Business and Economics;

    O trabalho numa fase preliminar, apresentou diferentes modelos de remuneração da actividade de Farmácia em vários Países Europeus, que sendo aplicados aos volumes e valores de dispensa dos medicamentos em Portugal… Permitiria propor alternativas de modelos mais equilibrados na sustentabilidade económica da actividade de Farmácias de Oficina em Portugal .

    Dos resultados apresentados merecem na minha modesta opinião os seguintes comentários:

    1º Lugar a qualidade analítica do trabalho da equipa do Prof Pedro Pita Barros nos modelos estudados.

    2º As Farmácias em Portugal trabalham com os preços e margens mais baixas em relação ao volume de dispensa, de todos os Países Europeus, analisados (daí a situação de insustentabilidade em que muitas se encontram)

    3º A Adopcção de modelos alternativos analisados, face ao nível de preços e margens actualmente praticados em Portugal, resultaria a curto prazo num aumento da despesa com medicamentos…

    4- Neste contexto a troca em relação ao actual modelo, em que as Farmácias e as suas equipas são levadas ao limite em termos de produtividade, mas caminham para uma situação de insustentabilidade… Resultará muito difícil por razões obvias!…

    5-Destas constatações do trabalho sério da Equipa da Nova, não faltarão provavelmente no futuro “vozes” acusar a equipa a estar “vendida” ao poderoso “lóbi” das Farmácias, por de uma forma honesta propor soluções para modificar o status quo!!!

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