ontem foi noticia uma queixa que surge periodicamente – houve a opção de não administrar um novo medicamento por não ter vantagem terapêutica face ao seu custo. Esta situação levanta sempre o véu sobre as opções dificeis que é necessário tomar no dia a dia no campo da saúde.
Esta é uma discussão que não é exclusivamente portuguesa, mas que em Portugal se tende a fazer pelo lado emocional apenas. Num contexto de falta de recursos, dar um medicamento novo e que implica uma despesa grande tem como consequência deixar de fazer qualquer outra coisa. E dentro das unidades de saúde, significa que é outra intervenção de saúde que deixará de ser feita. Saber se vale a pena implica conhecer os benefícios adicionais desse medicamento e também os custos em termos do que deixou de ser realizado. Por exemplo, é fácil e pouco visível cortar em prevenção e rastreio, os seus custos não são observáveis imediatamente.
Que a discussão não é simples é evidente, e o primeiro passo é saber que critérios devem estar presentes. Mas quando se fala de critérios surge a critica de se estar a “racionar”, apelando para um imaginário de escassez extrema e injusta.
Em Inglaterra começa-se agora a ter informação sobre o custo em termos de mortalidade num contexto de orçamento fixo das instituições de saúde de se introduzirem inovações que retiram verbas de outras intervenções – ver aqui.
Claro que se pode argumentar que o orçamento da saúde não deveria ser fixo, mas isso significa cortar nalgum outro lado, e então é necessário saber qual o seu custo social.
Acresce que a visão individual, de cada doente, tende a enfatizar os benefícios que pode retirar face a custos que são diluídos por muitos e frequentemente nem sequer perceptíveis.
Encontrar a forma de fazer a discussão dos critérios a usar neste tipo de decisões, e depois encontrar a forma de aplicar esses critérios, é algo que como sociedade teríamos toda a vantagem em conseguir fazer. As discussões acaloradas que periodicamente se geram não dão grande esperança quando à capacidade de o fazer. E nem sequer conseguiremos quantificar qual o custo em termos de saúde de não ter essa capacidade de organização.
6 \06\+00:00 Agosto \06\+00:00 2013 às 17:46
Caro Professor
Seja bem vindo ao nosso País.
A questão que retrata hoje vai mais longe do que uma mera discussão; o governo tem uma comissão de peritos que admite que os novos farmacos não valem, farmaco-económicamnete falando, mais um par de meses de vida ou mesmo meia dúzia que seja, ao doente. O Governo invoca os peritos e omite a informação aos cidadãos para poderem avaliar a opinião dos peritos. Mas o engraçado, se é que tem graça, é que quando consultamos outros peritos, como os do NHS, observamos que lá, afinal os peritos aprovam ou “reaprovam” como fizeram há uns meses. Mas tudo isto é semântica quando não há dinheiro.
A indústria farmacêutica, inimiga publica do ministério e pelo menos de alguns dirigentes do IPO, tem a solução na mão – informação credível e investimento.
A primeira é muito díficil mas tem de ser a nova face da IF inovadora. Se porventura na investigação se viu que o produto não é tão bom como parecia ser na fase IIIa, então tem que se admitir e não vender novidade por inovação. É que antihipertensores ou coisa que os valha falhados, nem sempre dão óptimos comprimidos azuis para a disfunção eréctil.
A segunda opção, a do investimento, depois da aprovação pelas entidades competentes, deve obedecer a um compromisso entre os pagadores e a IF – real life data, no nosso país com doentes dos IPO’s e dos hospitais com serviços de oncologia, em que, se demonstrado os resultados dos estudo que fazem parte do dossier de aprovação, o governo passa a comparticipar o novo produto.
Acima de tudo deve haver transparência, de ambos.
É preciso mudar.
José Ribeiro
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