em jornais de hoje, “Pingo Doce começou a cobrar a fornecedores custo da promoção de 50%” e “CAP garante que campanha do Pingo Doce não estava nos acordos”, sendo que citado numa dessas noticias “não estamos a repercutir a acção do 1º de Maio nos fornecedores” (fonte da JM) e “há indícios que esta tentativa [repercutir o custos nos fornecedores] estará a ser feita pelo Pingo Doce”.
ainda sobre a campanha do Pingo Doce, em termos de política de concorrência,
“A campanha promocional levada a cabo pelos supermercados Pingo Doce, em Portugal, a 01 de maio, não parece configurar qualquer violação do ponto de vista da política comunitária de concorrência, disse hoje à Lusa fonte comunitária.
Questionada pela agência Lusa sobre se a Comissão estava a averiguar o sucedido, fonte comunitária indicou que, em princípio, os preços baixos só podem levantar problemas, do ponto de vista da concorrência, se forem levados a cabo com o recurso a ajudas estatais ou se uma companhia abusar da sua posição dominante no mercado, “o que não parece ser o caso”, indicou.
Em Portugal, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) decidiu na passada sexta-feira entregar o processo à Autoridade da Concorrência, por considerar que se registaram ilegalidades, designadamente “indícios do incumprimento de algumas disposições previstas no decreto-lei número 370/90 de 29 de outubro”.”
Como referi há uns dias:
“5. Esta promoção é um abuso sobre os fornecedores.
Não há ainda informação suficiente para responder a esta questão, tanto mais que a resposta poderá só vir mais tarde. De momento, não houve queixas dos fornecedores, e houve menção nalguns locais de que esta promoção teria apoio dos fornecedores. Vale a pena aqui referir alguns aspectos que justificam que não se esqueça este ponto: a) os contratos com fornecedores podem ter cláusulas relativas a acompanhar promoções; b) a JM pode tentar impor retroactivamente descontos e reduções de preços aos seus fornecedores. As relações entre produção e distribuição, focadas em alguns comentários, não são reconhecidamente fáceis. O relatório da Autoridade da Concorrência de Outubro de 2010 revela a importância de se procurarem mecanismos que equilibrem as relações, e que os contratos existentes sejam respeitados. Este aspecto porém até agora foi mantido completamente à parte desta promoção do Pingo Doce, mas não se pode descartar a possibilidade de daqui a alguns meses os fornecedores virem a ser confrontados com a imposição de descontos não antecipados ou discutidos previamente. É um aspecto a classificar como em observação. ”
Aparentemente, não vai ser preciso esperar alguns meses para que se clarifique se há, ou não, repercussão para os fornecedores no custo da campanha.
Ora, a suceder e não estando prevista nos contratos elaborados entre as partes a participação dos fornecedores nesta promoção, tal corresponde a um claro abuso contratual por parte do Pingo Doce.
Mesmo que em termos de efeitos sobre a concorrência a promoção não seja uma questão preocupante, tal não impede que o desrespeito contratual, recorrente na grande distribuição, seja um problema. Não é um problema sob o âmbito da legislação da defesa da concorrência, ou pelo menos é difícil incluí-lo aí, como mostrou o relatório da Autoridade da Concorrência publicado no Outono de 2010. Mas é um problema importante. Os contratos assinados têm como objectivo ser cumpridos, e não o fazer minará todas as relações económicas e a confiança entre agentes (uma transacção deve ser sempre uma troca com vantagens mútuas). Significa que tem de ser solucionado de outra forma que não as sanções pela legislação de defesa da concorrência, e parece claro que apenas declarações de boas intenções não serão suficientes. Está na altura de revisitar as recomendações de então da Autoridade da Concorrência.
Havendo posições contraditórias de ambas as partes, há que ter um ponto de recolha de informação fiável (ainda que confidencial, dado o receio dos pequenos produtores em serem penalizados pelo Pingo Doce se se queixarem abertamente), e uma descrição que traduza realidade. E a partir dessa informação, tomar as acções adequadas.
8 \08\+00:00 Maio \08\+00:00 2012 às 10:40
Caro Pedro Barros
Análise perfeita, é isso mesmo, estou no meio, primeiro como produtor e agora como consultor, é isso que eles (todos eles) fazem, nisto, como nos leilões de fornecimento de produtos, não há excepções, prová-lo é que é por vezes dificil, pois os produtores (especialmente os nacionais) têm medo de perder o cliente, eles sabem gerir muito bem as dependências.
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8 \08\+00:00 Maio \08\+00:00 2012 às 12:55
Não era para ter acabado o folhetim Pingo Doce ?
Tinha prometido, ou não ?
Que tal falar nos Fundos que sairam da mão do Alvaro ? e outras mil coisas…
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8 \08\+00:00 Maio \08\+00:00 2012 às 13:26
O esmagamento dos produtores nacionais tambem não é dispiciendo! A vida não é só Fundos e Cimpor, os produtores nacionais são tão ou mais importantes para o equilibrio da balança de pagamentos que isso ou estarmos ou não a ser geridos pelos seguidistas dos Chicago Boys.
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8 \08\+00:00 Maio \08\+00:00 2012 às 15:27
Carlos,
– retomei apenas o aspecto que tinha referido como “em observação”, não previ que fosse acontecer algum desenvolvimento tão rapidamente. Digamos que é um problema diferente mas com o mesmo actor principal.
Jorge,
as relações produção – distribuição são tradicionalmente difíceis em Portugal como noutros países; a nossa capacidade para usar soluções (?) de outros lados, como códigos de conduta, é que parece ser baixa.
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8 \08\+00:00 Maio \08\+00:00 2012 às 16:57
Isso tambem!
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