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no dinheirovivo de hoje,

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Portagens electrónicas para turistas

09/04/2012 | 02:33 | Dinheiro Vivo

Como muitos portugueses, durante este período do ano em que o turismo português recebe visitantes de Espanha, fui surpreendido pelas notícias e imagens de turistas em fila para obter o dispositivo que lhes permite passar e pagar nas Scut.

À partida, o pensamento imediato é que claramente alguém não pensou bem no assunto. Afinal, o turismo é uma das nossas principais indústrias exportadoras, o turista espanhol é o que mais facilmente se pode deslocar a Portugal em viatura própria e por isso mesmo ser um visitante frequente. Não há nada pior que “má publicidade” como esta para afastar turistas de uma Espanha que também vai passar por um período de ajustamento económico, também conhecido por austeridade.

Mas nestas coisas vale sempre a pena ir um pouco mais fundo. Uma busca rápida no sítio de internet do Turismo de Portugal (http://www.visitportugal.com) revela que houve o cuidado de ter uma parte da página em inglês, a explicar aos turistas quais os meios de pagamento disponíveis e quais as estradas sujeitas a pagamento, mas sem portagem física. Menos mal, parece, pois o turista que se quer informar encontra rapidamente o que pretende.

Um turista consciencioso que queira preparar-se para a viagem a Portugal até pode comprar antecipadamente, segundo lá é dito, um passe para vários dias através da internet. A responsabilidade da venda é dos CTT. E aqui começam os problemas para o turista diligente. O sítio de internet dos CTT no que às portagens electrónicas diz respeito, na informação em inglês apresenta o famigerado “Under Construction”(consulta feita a 8 de Abril de 2012). O turista ou sabe português (e com esse conhecimento consegue saber as opções disponíveis mas não contratar via internet), ou tem que ir para a fila, ou pode optar por não vir a Portugal.

Num país que se orgulha do seu e-Government, num país que tem que atrair turistas como parte da sua recuperação económica, este tipo de falhas ou descoordenações não pode ser aceite.

Ainda assim, só não é pior porque em Castellano há alguma informação (mas a ligação do Turismo de Portugal vai para a página em Português, e faltam ligações para os mapas dos locais de venda, bem como a indicação dos respectivos horários).

A solução mais óbvia é alargar desde já os pontos onde os turistas podem adquirir dispositivos ou passes temporários, facilitando a sua aquisição pela internet, retirando aos CTT o aparente monopólio que nesse campo lhe foi dado. Há várias possibilidades, desde os hotéis quando aceitam reservas poderem sugerir ao turista a aquisição destes passes, vendidos pelo próprio hotel, até empresas que surjam só dedicadas a satisfazer esta necessidade do turista. Basta estabelecer as regras a que se tem que sujeitar quem quiser fazer estas vendas. Não é diferente, em princípio, da venda de cartões de telemóvel pré-pagos para turistas.

E já agora nos locais de atendimento presencial do turista para este fim, não se pode torná-los em locais de venda de serviços de turismo? Nem que seja com informação disponibilizada por hotéis, restaurantes, locais de recreio e diversão, que dessa forma procurem chamar a atenção para a sua oferta.

Quando perguntarem exemplos de onde maior concorrência pode vir a fazer diferença, esta situação deverá fazer parte da lista de casos onde essa maior concorrência pode fazer a diferença para o turista e também para as exportações de serviços de turismo nacional.

Desconhecida's avatar

Autor: Pedro Pita Barros, professor na Nova SBE

Professor de Economia da Universidade Nova de Lisboa.

One thought on “no dinheirovivo de hoje,

  1. Alvaro Gomes Martins's avatar

    Alguém conhece outro país onde os turistas (e não só… pq há muita gente a viajar em trabalho) tenham de pagar as portagens à entrada e adiantado?

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