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ChatGPT, plano pago ou plano sem custos?

2 comentários

A nova “tecnologia” de pesquisa ChatGPT tem estado a tomar “de assalto” a atenção generalizada. Desde o anúncio de muitos milhares de milhões de dólares a serem investidos nesta e noutras tecnologias até ao anúncio da obsolescência do Google e da transformação das formas de avaliação académica muito se tem dito.

Disponibilizada de forma gratuita inicialmente, passou a existir agora um plano pago, conforme o site do ChatGPT, sendo que o valor de 20 USD é equivalente ao valor da subscrição Netflix Premium. Não é ainda evidente que o serviço prestado tenho o valor que é pedido (além do valor de usar uma “novidade” com menos limitações).

Sendo que os motores de busca são usualmente utilizados sem custo para o utilizador, a colocação de um preço no serviço ChatGPT parece querer estabelecer uma diferença face aos motores de busca, em termos do serviço prestado. O ChatGPT não é uma forma de encontrar informação disponibilizada algures e sim uma forma de agregar informação e transmitir de uma forma nova.

Iremos assistir nos próximos tempos a imensos exemplos de como o ChatGPT dá “resultados errados”, ou produz textos que referenciam “alucinações”, aspetos errados ou que não existem. Esses exemplos de como o ChatGPT não reproduz a realidade é o resultado do hábito de usar motores de busca, em que o propósito é de encontrar algo. Ora, a verdadeira vantagem do ChatGPT está em sumariar informação, inserindo-a num contexto onde é mais fácil de entender essa informação por parte do leitor.

Tem sido testado em contextos de ensino, com a preocupação quanto a métodos de avaliação. Alguns testes com o ChatGPT mostraram-me algumas vantagens e limitações da versão atual – é muito bom a dar respostas de definições, a ajudar a verificar código de programas estatísticos, como manual para conseguir realizar atividades em diversos programas. São problemas que muitas outras pessoas tiveram em situações provavelmente não muito diferentes. É muito bom a dar sugestões de análise de problemas diversos. Na resolução de perguntas de exame, na parte de cálculo com regras claras e conhecidas, funciona bem. Contudo, colocando perguntas em que o contexto é relevante e pequenas variações de contexto originam respostas menos comuns, ou com algum elemento de “surpresa”, no sentido de não ser o resultado mais frequente, o ChatGPT deixa uma resposta bem escrita mas demasiado vaga. A utilização do ChatGPT não é a “resposta” para todas as perguntas de exame. Será sobretudo uma ferramenta útil para dar impulso inicial a trabalhos a realizar, uma vez que será, pelo menos por agora, necessário verificar a informação e as sugestões que são dadas.

Será preciso aprender a melhor forma de colocar as questões ao ChatGPT para que dê as respostas mais úteis. Será uma ferramenta de apoio, mas não um substituto do trabalho a ser realizado – por enquanto é preciso verificar a precisão das respostas e se são completas, ou não.

Da mesma forma que hoje em dia a utilização de software estatístico faz muitas das contas que em tempos eram realizadas à mão, e faz cálculos que nunca seriam feitos por outros métodos, é provável que a tecnologia do ChatGPT venha a ter um desenvolvimento similar, tornando-se um instrumento de vida diária, complementar dos motores de busca para informação mais imediata.

Será por isso interessante perceber se seguirá o caminho dos motores de busca, e será gratuito com publicidade para financiar a sua existência, ou se será um serviço pago, e consequentemente menos generalizado e mais similar a software. Além disso, é natural que em breve comecem a surgir alternativas, gerando novas ideias a oportunidades, e baixando o preço do serviço pago, ou fazendo mesmo desaparecer essa opção.

Como curiosidade final, os créditos de criação do ChatGPT incluem pelo menos um português, Diogo Almeida, conforme se comprova a partir dos créditos publicados no site.

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Autor: Pedro Pita Barros, professor na Nova SBE

Professor de Economia da Universidade Nova de Lisboa.

2 thoughts on “ChatGPT, plano pago ou plano sem custos?

  1. Vasco Coelho's avatar

    e o dia em pagaremos por utilizar os motores de busca, está longe?

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  2. Pedro Pita Barros, professor na Nova SBE's avatar

    não me parece, já há uma tradição longa de não se pagar, e há vários motores de busca; o modelo de negócio parece estar consolidado.

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