há dias, num comentário realizado a um post anterior, ficou lançado o desafio de se usar uma outra forma de aproximar a evolução da mortalidade infantil. E por isso aqui vai a resposta (aviso: é um post um pouco mais técnico que o habitual).
O gráfico dessa outra forma de ajustamento, com uma forma funcional dada por
(taxa mortalidade infantil) = b0 + b1 * exp( – b2*t), t = tempo,
está na figura 1. Mas esse ajustamento implica que o ponto de convergência é 0,5, o que talvez seja um valor excessivamente baixo para a taxa de mortalidade infantil. Impondo que o valor mínimo razoável como média de longo prazo seja 2, obtém-se a segunda linha da figura 1.
Considerar uma ou outra linha faz toda a diferença para avaliar se o valor de 2012 é anormal no sentido de desvio à tendência para lá de flutuações aleatórias, ou se ainda está dentro da variabilidade normal.
(os quadros com as regressões estão disponíveis no final)
Entretanto, a Direcção-Geral de Saúde passou a publicar estatísticas regulares, mensalmente, incluindo a mortalidade infantil (em valores absolutos), que mantém uma tendência decrescente. Porém, como também há menos partos, o indicador tem que ser tomado em taxa, e à falta de estimativas mensais para nados-vivos, não é possível ter uma visão completa. Tomando o valor anual de nados-vivos, e multiplicando por 12 o valor de cada mês para colocar tudo no mesmo horizonte temporal, e para 2013 utilizando os valores de nados-vivos de 2012, ainda assim, há uma tendência decrescente apesar de em 2011 e 2012 o valor agregado ter uma subida da taxa de mortalidade infantil. A variabilidade mensal é naturalmente maior que a anual.
Figura 1:
2 \02\+00:00 Dezembro \02\+00:00 2013 às 19:57
Muito interessante. Muito Obrigado! Provavelmente o resultado mais interessante é b2 ~ 0.08: como este exponente é inversamente proporcional ao tempo de decaimento típico da exponencial, vemos que o tempo médio é 1/b2 ~ 12.5 anos. Ou seja, a cada (1/0.08)/log(2) ~= 18 anos, a mortalidade infantil decai para metade do seu valor.
O b2 tem um intervalo 95% de [-0.36, 1.4] (valores negativos não fazem sentido neste contexto), pelo que não descarta a possibilidade de ser 0, ou seja, ser realmente um decaimento puro sem limite.
Finalmente, será que estes valores valem para outros países europeus? 😛
Abraço,
Jorge
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