Continuando a análise do discurso do ministro da saúde na conferência do diário económico,
Nos ganhos de eficiência, foram referidos como tópicos: aproveitar a capacidade instalada dos hospitais (com referência aos meios complementares de diagnóstico e terapêutica), a monitorização da prescrição electrónica de medicamentos e MCDT, centralização das compras e serviços partilhados, e plano de racionalização da ocupação do espaço.
Foi claro que o ministro da saúde entende que há ainda espaço para reduzir custos de aquisição face à dispersão de preços de aquisição entre diferentes hospitais do mesmo produto (foi dado o exemplo dos pace-makers)
Não houve neste campo nada de novo. Nova foi a visão expressa de que há áreas em que a despesa em saúde tem que subir em algumas áreas, pelo que ganhar eficiência nalgumas áreas não significa necessariamente um menor financiamento total. Este reconhecimento é importante de notar, uma vez que depois as políticas adoptadas deverão ser consistentes com esta afirmação.
Em termos de mudanças no SNS, foi apresentado um quadro que procura sistematizar as principais linhas de actuação:
de urgências para prevenção, de cuidados agudos para cuidados primários, de campanhas para literacia, de trabalho extraordinário para trabalho normal, de saúde materno-infantil para cuidados continuados.
Sendo mesmo referido o propósito de deslocar financiamento para os segundos itens.
Comentário: sendo um quadro que marcou vários pontos do discurso, é agora necessário perceber como se assegura a sua compatibilidade e coerência com outras medidas, como a criação das unidades locais de saúde; e se nalguns casos estaremos a falar em mudança de referencial (as duas primeiras linhas), já no caso da última, quer-se certamente manter os bons resultados da saúde materno-infantil, e replicar esse sucesso nos cuidados continuados.