Recomendações finais de Michael Porter:
a) fazer do valor para o doente o objectivo central de todas as reformas
b) criar integrated practice units; a certificação deve requerer equipas multidisciplinares; os cuidados de saúde primários e actividades de prevenção devem estar organizados por segmentos de doentes.
c) Eliminar a separação entre níveis de cuidados
d) Criar um mandato para a medição e divulgação de resultados por condição clínica; publicar resultados ajustados para o risco da população tratada em cada caso; expandir a aplicação de volumes de actividade mínimos
e) Pagamentos por conjunto de cuidados para cada problema clínico
f) Consolidação de prestadores e de serviços
g) O Ministério da Saúde e as ARS actuarem como organizações focadas na gestão da saúde – plano estratégico por condição clínica e segmento de cuidados de saúde primários; cativar os profissionais de saúde, nomeadamente os médicos, para a agenda de criação de valor para o doente e levá-los a aceitar participar na responsabilidade conjunta de sucesso.
Tudo por junto, é uma visão interessante e desafiadora. Embora possa parecer que não há nada de muito revolucionário (seria difícil), no seu conjunto é uma proposta de mudança, em dois níveis – forma de pensar no problema e soluções concretas – que decorrem dessa forma alternativa de pensar no problema de organizar a prestação de cuidados de saúde e a sua solução.
É uma visão integralmente virada para os aspectos da “oferta” de cuidados de saúde. Deve ser completada depois com uma visão sobre a “procura” de cuidados de saúde – estilos de vida da população, conhecimento e informação da população sobre a sua saúde e determinantes, conhecimento e informação da população de como usar o sistema de saúde e dentro dele o serviço nacional de saúde, etc…
Também deve ser completada com uma visão sobre o financiamento – de onde vêm e como vêm os fundos para pagar os cuidados de saúde, que ligação deve haver entre quem paga, quem escolhe e quem presta cuidados de saúde, etc.
A visão de Porter é uma das peças do puzzle, e vale certamente dedicar-lhe algum pensamento, incluindo a forma como se articula com as outras grandes componentes do sistema de saúde.