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Relatório da Primavera 2012 (6)

4 comentários

O Relatório de Primavera passa rapidamente pelas questões de saúde da população portuguesa, focando brevemente no envelhecimento activo da população e nas doenças de evolução prolongada, com o exemplo da diabetes.

Este tema merece uma discussão mais detalhada, eventualmente com contribuições sectoriais mais profundas. Há aqui um desafio de conhecimento geral para que se possam depois definir políticas adequadas.

Um exemplo desse tipo de análise, para aspectos de oncologia, foi tratado aqui, sendo que a) haverá um crescimento previsível dos casos a serem tratados; b) que o sistema de saúde tem capacidade para dar resposta a esse aumento; c) que essa capacidade de resposta no âmbito do serviço nacional de saúde poderá passar por soluções de diagnóstico centralizado, tratamento local, com implicações para a organização e financiamento deste tipo de cuidados; d) a importância de definir o que vale e não vale a pena fazer, a necessitar de discussão na sociedade.

Este exemplo mostra que há um caminho que é preciso fazer, de forma ampla na sociedade. Mas que tem de ser feito de modo sério e atempado.

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Autor: Pedro Pita Barros, professor na Nova SBE

Professor de Economia da Universidade Nova de Lisboa.

4 thoughts on “Relatório da Primavera 2012 (6)

  1. Ângelo Abel's avatar

    “Passou de raspão” se se pode utilizar a expressão… Sendo Portugal o 6º País mais envelhecido do mundo, em que 25% dos Portugueses não vive até aos 70 anos por mortalidade prematura devido a doenças cardiovasculares e sendo um dos países da UE com pior qualidade no envelhecimento activo, prevê-se um futuro sombrio na evolução demográfica e na qualidade da Saúde das pessoas que entram em idade de reforma laboral.
    Por um lado, faltam politicas que promovam a literacia em Saúde e uma maior aposta na prevenção primária. Por outro lado, falta um maior envolvimento da sociedade de modo a integrar mais as pessoas em idade de reforma em projectos que permitam que os mais idosos se mantenham física e mentalmente activos. Falta também uma maior resposta da sociedade perante o isolamento social e criação de projectos custo eficazes, facilmente replicáveis, que pudessem ser implementados de modo a reduzir o impacto do isolamento social, que por sua vez potencia um conjunto de doenças crónicas.
    Finalmente, em relação às doenças crónicas é importante caracterizar no momento actual quais as mais prevalentes, quais os recursos que consomem de forma directa e indirecta e prever qual a evolução da sua prevalência num determinado período de tempo de modo a estabelecer prioridades de actuação e alocação de recursos económicos e humanos. De forma rápida e superficial preocupam-me as doenças mentais, as doenças cardiometabólicas (hipertensão, diabetes, obesidade), as doenças osteoarticulares, a dor e as quedas em idosos com fracturas associadas, a diminuição da acuidade visual, as cataratas, a asma, a doença pulmonar obstrutiva crónica e os carcinomas. Muitas destas patologias podem ser controladas ou evitadas com uma aposta muito forte na prevenção primária e com um maior controlo dos custos relativo aos tratamentos / cuidados. Mas sem um estudo sério e atempado da evolução demográfica e das patologias em idade geriátrica, bem como sem a realização de um planeamento sério e imparcial dos nossos recursos finitos, será simplesmente estar a adiar o inevitável com os custos que daí advirão para todos os intervenientes na Saúde em Portugal.

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  2. Pedro Pita Barros, professor na Nova SBE's avatar

    Excelente comentário Angelo Abel, obrigado, contém nele uma agenda de trabalho à qual necessitamos de ter uma resposta.

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    • Ângelo Abel's avatar

      Eu é que tenho que agradecer as visões imparciais e lúcidas como a sua que rareiam na nossa sociedade.

      Governo e Médicos (do qual faço parte, sou o moço que lhe deixou o “desafio” na página do facebook) parecem “dois exércitos entrincheirados” em cada lado da sua barricada, demasiado ocupados a guerrear e a “olhar para as árvores sem vislumbrarem a floresta”.

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  3. Francisco Velez Roxo's avatar

    Se a saude tem agenda, então há que saber se ela já é electrónica (moleskine em formato tabletpc) ou apenas agenda de bolso à moda antiga:deve e haver resumido e tarefas para fazer no dia e semana seguinte.E se vai desgastando ate ser apenas “uma velha agenda”
    Donde:
    1-Os temas candentes do debate “demograficamente diferentes hoje e no futuro”,continuam a ser fundamentalmente os ligados à teoria dos stakeholders (interesses os mais variados à cabeça)
    2-O Poder Central continua a centralizar burocracia (muitas vezes descordenada) sem ter SIs capazes de agilizar dados, informações e decisões.
    3- O Poder Local é de uma heterogeneidade imensa em temas de Saúde Pública e Qualidade de Vida Activa. E de visão simples e directa ao assunto.Só se preocupa com a saude quando “fecha qualquer coisa”.
    4-Se um País é a sua População (em sentido lato) e a uma Pátria a sua lingua( em sentido estrito) porque é que passar de raspão como refere o Angelo Abel sobre o tema demográfico foi um lapso tão evidente no relatório? (esta zona onde os investigadores são mais politicos que técnicos,é sempre de fazer cabelos brancos…)
    5-Como este ano vou fazer 60 anos e à beira de um dia destes ter para aí uma “doença crónica qualquer” acho que o estudo e debate sobre o assunto “é demasiado medicamentoso”.Felizmente que há Sociedade Civil que ainda vai debatendo o tema com Vontade de Minimizar os estragos.
    Na verdade “há um caminho que é preciso fazer”.Mas pelo menos que com o googleheart se consiga saber se é apenas um cateto de triangulo ou antes a hipotenusa dos catetos.Ou um caminho bloqueado por cabeças quadradas
    🙂
    Abraço Francisco

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