Ainda relativo ao relatório do conselho das finanças públicas, há uma referência clara à abordagem de contenção da despesa pública – “os governos deviam preferir a racionalização da função pública, eliminando burocracia e formando e realocando os trabalhadores em atividades mais produtivas” – o que tem o pressuposto do que os cortes de salários não são formas permanentes de consolidação via redução da despesa.
Acrescento aqui duas notas rápidas:
– esta racionalização implica definir o que o estado deve e não deve fazer (em termos de princípios e decisão sociais)
– implica procurar as actividades onde os funcionários públicos possam ser mais produtivos (dentro do que o estado deve fazer)
Adicionalmente, é preciso que esses cortes sejam suficientemente profundos para que a redução de despesa associada permita repor os subsídios de férias e natal aos funcionários públicos segundo o faseamento anunciado.
1 \01\+00:00 Junho \01\+00:00 2012 às 14:28
Caro Pedro,
Se me permite, adicionava mais duas ou três notas, igualmente de reflexão:
– em linha com a sociologia, a racionalização que é referida poderá ser um processo no qual um número crescente de ações sociais se baseia em considerações de eficiência, eficácia e qualidade, em vez de motivações derivadas da moral, da emoção, do costume ou da tradição;
– em linha com a nossa sociedade ocidental, podemos então aferir se esta burocracia, realocação de trabalhadores em atividades mais produtivas, é ou não aceite pelos envolvidos, como um aspeto central da modernidade.
É que na prática, estas decisões são interpretadas como comportamentos de mercado capitalista e que os Governos são sempre acusados de os exercer para uma melhor administração racional do Estado, expansão da avaliação do desempenho e tecnologia mais adaptada aos tempos modernos.
Esta semana estive em Évora a acompanhar formação a médicos, enfermeiros e técnicos superiores, apoiando grupos de trabalho no desenvolvimento da metodologia BSC, cruzando com a avaliação de desempenho e o SIADAP.
A grande maioria da população não imagina a enorme disponibilidade, vontade de aprender e, sobretudo, partilha de conhecimento que os cuidados primários têm, designadamente, os ACES, USF, UCC, entre outras equipas, sendo fortes candidatos à valorização profissional que agora se anuncia, com vista a dar resposta às denominadas “atividades mais produtivas”.
É uma enorme gratidão trabalhar em conjunto com profissionais desta qualidade.
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