Estava novamente a reler o “first update” de 01.09.2011 do “Memorandum of Understanding on Specific Economic Policy Conditionality”, por outras razões, e às tantas li dois aspectos que me parecem contraditórios, será só a mim?
“1.22 Reduction of personal income tax benefits and deductions, with a yield of at least EUR 150 million in 2012. Measures include:
i. capping the maximum deductible tax allowances according to tax bracket with lower caps applied to higher incomes and a zero cap for the highest income brackets;”
e logo depois
“1.27 Increase efforts to fight tax evasion, fraud and informality to raise revenue”
mas retirar totalmente as deduções ficais em despesas que impliquem a passagem de recibo para os níveis de rendimento mais elevado não é um convite quase explícito para que haja evasão fiscal?
Creio que no passado já ouvi defender que a “eficiência fiscal” no sentido de não dar incentivos à evasão fiscal incluía deduções fiscais para despesas associadas com profissões liberais ou situações onde se torne especialmente fácil acordar-se em não passar recibo (perdendo-se mais em rendimento não tributado do que benefício fiscal). Ficava mais descansado se fosse anunciado que estas contas foram feitas, e que a solução encontrada, de não haver benefícios fiscais para rendimentos muito elevados, é a melhor.
27 \27\+00:00 Setembro \27\+00:00 2011 às 19:17
A mim parecem mais antagónicas do que contraditórias… e o artigo 1.27 parece apostar num estado mais polícia. Se bem que só será possível com o levantamento absoluto do sigilo bancário.
GostarGostar
28 \28\+00:00 Setembro \28\+00:00 2011 às 08:09
Decidi copiar para aqui os comentários recebidos via facebook:
Gonçalo Boavida Martins: Serão assim tantas as profissões liberais passíveis de dedução fiscal capazes dessa “ginástica”?
Pedro Pita Barros: hum… sim, médicos, fisioterapeutas, pequenas clínicas, etc… se estes profissionais pagarem 20% a 30% de IRS + pagarem IVA sempre compensa que as pessoas possam deduzir 10% no IRS pessoal à colecta; se não houver qualquer benefício mesmo que pequeno de pedir a factura, apenas a consciência civica não chegará
há cerca de uma hora · Gosto
Carlos Alberto: Pedro, estamos a passar tempos muito complicados e parece-me haver uma grande fobia ideológica com consequências difíceis de prever e muito menos controlar.
Pedro Pita Barros: @Carlos – com mudanças de governo, temos sempre fobias ideológicas, há que esperar que passem, para se atingir a velocidade de cruzeiro… e mais do que a fobia ideológica a pressa de receita fiscal ou redução de despesa fiscal pode ser má conselheira
GostarGostar