A economia de Verão algarvia tem sempre surpresas. A deste ano é a forma de resposta à crise. Há muitos anos que ouço dizer que “este ano está pior que o ano passado”. Dada a crise não duvido que em 2011 assim seja. E que a forma de responder a essa situação tivesse sido de algum modo pensada pelo pequeno comércio de proximidade. Em particular o pequeno retalho alimentar de base essencialmente sazonal. Sobretudo pensar no que leva os clientes às lojas. Na actual crise é de esperar que muitos portugueses optem por não ir tanto a restaurantes, e por isso ter opções para lanches e snacks frios para comer na praia (ou fora dela) poderia fazer sentido – por exemplo, sumo de laranja mais pão com queijo / salame / fiambre / chouriço num pacote fácil de transportar. Mas ainda não vi.
Por outro lado, a compra de pão fresco de manhã é uma das âncoras de fixação de clientes. E aqui o que vi foi lojas pequenas reduzirem a sua oferta com medo de perder o negocio, mas como se tem que ir a outro lado buscar pão passa-se a comprar tudo o resto também no local alternativo fazendo com que o negócio na primeira loja baixe ainda mais. No exemplo próximo que me obriga a ir comprar pão mais longe, sucede comigo e com outras pessoas que reconheço das redondezas. A acrescer, por teste, perguntei quando teria novamente pão para dar o sinal de interesse no produto que quero, e a resposta foi um desinspirado “não sei dizer”, a ser lido “é melhor ir a outro lado” e assim fiz. Era o único cliente na loja quando noutros anos tinha que estar em filas de 10 ou 15 minutos à espera de pagar. Aposto que esta loja vai desaparecer rapidamente. Infelizmente, para o que me interessa já desapareceu como opção. A culpa não será da crise mas da falta de percepção de como se situar nela e do que é relevante para sobreviver como comércio de proximidade de base sazonal.
22 \22\+00:00 Julho \22\+00:00 2011 às 10:04
Excelente artigo, é a mentalidade das microempresas, 100% de acordo na sua leitura.
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22 \22\+00:00 Julho \22\+00:00 2011 às 10:05
Pedro
Há 15 anos escrevi um artigo para a revista do velho IAPMEI, cujo titulo era “o desafio estratégico nacional fundamental está na gestão dos pormenores”.
Hoje mais do que nunca, independentemente de acreditar que tem sempre que haver um “quadro de referencia simples e visionário”, não tenho dúvidas que tinha razão.Até porque tinha vivido na Suécia.
Hoje agradeço-te a tua validação do tema com pão fresco.E marketing (não da treta) em acção.
Boas férias.
Abraço
FVRoxo
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