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“40 anos 40 ideias”, iniciativa da Associação Nacional de Estudantes de Medicina

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Foi lançado a 30 de setembro de 2023, o livro “40 anos 40 ideias”. O livro encontra-se disponível aqui, em formato pdf, ou aqui (para outros formatos).

Tive a oportunidade de comentar “A 40ª Ideia: o Futuro da Medicina e da Sociedade, pelo Senado da ANEM”, que tem 8 testemunhos (de Maria Carolina Machado, Filipa Aparício, Mariana Almeida, Cátia Baptista, Cármen Oliveira, Ana Raquel Rodrigues, Maria Vaz e João Sarmento) que dão breves reflexões sobre o que esperam seja o futuro, num misto de desejos e previsões, uma mais negativas outras mais positivas.

Num resumo pessoal, há 3 temas centrais aos vários textos: a tecnologia (com as oportunidades, anseios e receios), o que genericamente se pode designar por “cuidados centrados na pessoas”, e as exigências da profissão médica. Estes três temas, e os desafios que contêm, estão ligados entre si. E pensar neles para futuro obriga a reconhecer que os médicos enquanto profissionais de saúde vão ser diferentes no futuro do que são hoje, no que vão enfrentar mas também nas suas preferências de vida e e de profissão. É clara a vontade, nas novas gerações em formação, uma maior atenção ao equilíbrio da vida profissional com a vida familiar, e até há um número substancial que considera interessante não estar a tempo inteiro no Serviço Nacional de Saúde (enquanto ocupação profissional). O que significa que a discussão do papel do sector privado na formação em medicina não é sobre se vai acontecer (vai!), e sim como se processará.

Um dos elementos que se retira depois do final da pandemia é o efeito de sobrecarga sobre os médicos (e os restantes profissionais de saúde), que teve como consequência, visível numa outra análise, uma menor proporção de pessoas atendidas no sistema de saúde que disse ter-se sentido tratada com “dignidade, compaixão e respeito” (um indicador simples, usado no NHS inglês, para refletir os aspectos de cuidados centrados na pessoa). A extrema exigência profissional no tempo da pandemia reflete-se na população depois de passado o período de maior emergência da pandemia. E agora é o momento de perceber como a tecnologia, nas suas múltiplas dimensões, pode vir a ajudar. Para o fazer é necessário que as novas oportunidades tecnológicas se traduzam em uso corrente, para que os médicos (e os outros profissionais de saúde) as possam incorporar facilmente na sua atividade e encontrar formas inovadoras de aproveitarem essas tecnologias. E aqui mais uma vez a menor agilidade do SNS em introduzir o uso de novas formas de trabalhar, de usar novas tecnologias, de promover ideias, terá de ser ultrapassada, ou será o SNS ultrapassado pelo sector privado.

Nos 8 testemunhos, encontramos também medos (e pesadelos) mas é mais forte a esperança na evolução da medicina,

O triângulo com os vértices dados por “uso, aprendizagem e inovação com novas tecnologias”, “cuidados centrados na pessoa” e “exigências da profissão” irá ser o centro da evolução, como sugere o conjunto dos textos que fazem esta 40ª ideia.

Parabéns à Associação Nacional de Estudantes de Medicina pelos seus 40 anos!

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Autor: Pedro Pita Barros, professor na Nova SBE

Professor de Economia da Universidade Nova de Lisboa.

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