O mês de Janeiro de 2018 trouxe, ao contrário do esperado, uma subida da dívida dos hospitais EPE. Face à anunciada regularização de dívidas, este dado é apenas compreensível à luz das informações entretanto saídas na comunicação social sobre o controle exercido pelo governo na utilização dessa verba O crescimento dos pagamentos em atraso dos hospitais EPE de Dezembro de 2017 para Janeiro de 2018 deve corresponder então à não regularização de dívidas, à espera das autorizações para os pagamentos serem feitos, e à inclusão de mais dívida em pagamentos em atraso, para ser incluída nessa regularização. Nesse sentido, os valores de crescimento mensal não têm ainda grande significado. Em sentido estatístico estrito, o valor de crescimento mensal de Dezembro de 2017 para Janeiro de 2018 foi superior ao ritmo do ano de 2017, até Novembro. Teremos que esperar um pouco mais de tempo para perceber em que medida os anúncios de regularização de dívidas e novos mecanismos de controle que tenham sido colocados em funcionamento afectam a dinâmica dos pagamentos em atraso.
As várias noticias que têm saído sugerem que a regularização de pagamentos em atraso será acompanhada de um levantamento da situação (talvez à semelhança do realizado em finais de 2011, com a troika, se venham a encontrar várias dívidas ainda não contabilizadas – nesse caso, o ritmo de crescimento dos pagamentos em atraso registados nas estatísticas oficiais irá aumentar no(s) próximo(s) mes(es) – corresponde ao ritmo da primeira linha tracejada ascendente a preto, para o período Dez2011 a Maio2012 – será que a história se repete?).
Será também uma oportunidade para perceber até que ponto se poderia passar a ter um sistema de registo de dívidas tal que em futuros levantamentos deste género, as entidades que não tivessem registado dívidas para com elas por parte dos EPE abdicavam de receber, por não estar enquadrado em termos de despesa).