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Michael Porter em Lisboa, para falar de saúde (8)

3 comentários

Recomendações finais de Michael Porter:

a)    fazer do valor para o doente o objectivo central de todas as reformas

b)   criar integrated practice units; a certificação deve requerer equipas multidisciplinares; os cuidados de saúde primários e actividades de prevenção devem estar organizados por segmentos de doentes.

c)    Eliminar a separação entre níveis de cuidados

d)   Criar um mandato para a medição e divulgação de resultados por condição clínica; publicar resultados ajustados para o risco da população tratada em cada caso; expandir a aplicação de volumes de actividade mínimos

e)    Pagamentos por conjunto de cuidados para cada problema clínico

f)     Consolidação de prestadores e de serviços

g)    O Ministério da Saúde e as ARS actuarem como organizações focadas na gestão da saúde – plano estratégico por condição clínica e segmento de cuidados de saúde primários; cativar os profissionais de saúde, nomeadamente os médicos, para a agenda de criação de valor para o doente e levá-los a aceitar participar na responsabilidade conjunta de sucesso.

 

Tudo por junto, é uma visão interessante e desafiadora. Embora possa parecer que não há nada de muito revolucionário (seria difícil), no seu conjunto é uma proposta de mudança, em dois níveis – forma de pensar no problema e soluções concretas – que decorrem dessa forma alternativa de pensar no problema de organizar a prestação de cuidados de saúde e a sua solução.

É uma visão integralmente virada para os aspectos da “oferta” de cuidados de saúde. Deve ser completada depois com uma visão sobre a “procura” de cuidados de saúde – estilos de vida da população, conhecimento e informação da população sobre a sua saúde e determinantes, conhecimento e informação da população de como usar o sistema de saúde e dentro dele o serviço nacional de saúde, etc…

Também deve ser completada com uma visão sobre o financiamento – de onde vêm e como vêm os fundos para pagar os cuidados de saúde, que ligação deve haver entre quem paga, quem escolhe e quem presta cuidados de saúde, etc.

A visão de Porter é uma das peças do puzzle, e vale certamente dedicar-lhe algum pensamento, incluindo a forma como se articula com as outras grandes componentes do sistema de saúde.

Desconhecida's avatar

Autor: Pedro Pita Barros, professor na Nova SBE

Professor de Economia da Universidade Nova de Lisboa.

3 thoughts on “Michael Porter em Lisboa, para falar de saúde (8)

  1. Ricardo Gonçalves's avatar

    Venho deste modo apresentar-lhe o meu novo projecto. Trata-se de um novo blog que pretende fazer uma análise clara e concisa sobre a actualidade nacional e internacional.
    Este projecto surgiu no seguimento do término da minha licenciatura na Faculdade de Economia do Porto (FEP). Sempre me interessei bastante pelas questões macroeconómicas, mas entendi que só após a minha licenciatura estaria preparado para abordar estas questões com o rigor que se lhe exige. Gosto de fazer análises credíveis e baseadas sempre em estatísticas credíveis, como irá reparar ao visitar o blog.

    PS: o link do blog é http://ecoseconomia.blogspot.pt/

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  2. Mauro Germano's avatar

    Boa tarde Prof Pita Barros.

    Chamo-me Mauro Germano e gostaria de o ver abordar um tema: Modelos de financiamento dos cuidados de saúde e a sua opinião sobre qual é o(s) mais transparente(s), mais adequado(s) à realidade hospitalar portuguesa e que seja mais justo na atribuição das diferentes autorias e responsabilidades dos actos aos diferentes profissionais de saúde e se não existindo nenhum que preencha os requisitos da perfeição, qual escolheria para Portugal.

    Já agora quais os maiores defeitos que aponta ao nosso sistema.

    Peço desculpa pelo offtopic e agradecia esta aula grátis de economia da Saúde 🙂

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  3. Pedro Pita Barros, professor na Nova SBE's avatar

    @Mauro,
    essa é uma pergunta de resposta longa, tratarei de lhe responder em breve de forma estruturada. A discussão do financiamento dos hospitais ocupa muitas páginas de livros e artigos, será preciso fazer um resumo, para que depois se possa perceber a minha opinião.

    Sobre o maior defeito, é mais fácil, e também encontra desenvolvido nos vários textos que vou escrevendo – a incapacidade de premiar o bom funcionamento, e fazer desaparecer ou influenciar (numa versão mais suave) as organizações com menor desempenho.

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