de repente, começaram a surgir notícias de que o pior da recessão da economia portuguesa, que o decréscimo do PIB este ano não será tão elevado como previsto, de que o crescimento das exportações é animador.
Antes de entrar em euforia com estas notícias, há que olhar com mais cuidado. Sobretudo se se quiser destas noticias inferir que o processo de ajustamento da economia portuguesa está quase a ser feito. Não está! Pelo menos não com base nestas notícias.
Exportar mais do que esperado e para novos mercado parece, de facto, estar a ser conseguido pelas empresas portuguesas. E esta é uma notícia boa. Até pode ser o suficiente para que o decréscimo do PIB seja menor do que o previsto. MAS não há nada que garanta ser uma alteração permanente e estrutural para um maior crescimento.
Se as empresas deixaram de ter mercado interno, têm capacidade produtiva disponível, e pode ser melhor usá-la e vender no exterior do que a deixar desaproveitada. Daqui resulta o aumento das exportações. Só que apenas este efeito não traduz ainda qualquer alteração fundamental na forma de funcionamento da economia portuguesa. Significa apenas a substituição das vendas no mercado interno por vendas no exterior.
Só quando as empresas exportadoras começarem a investir em aumento de capacidade produtiva, e a contratar mais trabalhadores, é que se poderá começar a pensar em ter passado o pior do período de ajustamento. O maior risco neste momento é estar-se a assistir a uma alteração pontual de mercado interno para externo.
A necessidade de continuar a realizar esforços para que as exportações continuem a crescer, por aumento de capacidade produtiva uma vez atingida a capacidade disponível actualmente, deve estar presente na definição de políticas públicas, nem que seja para evitar decisões que afectem negativamente as decisões de investimento.
Euforia à vista? Espero bem que não, e não por prazer da austeridade. É que mudar de caminho a meio levará provavelmente a nova recessão e crise económica muito rapidamente.
31 \31\+00:00 Maio \31\+00:00 2012 às 20:34
Tem toda a razão, não vale a pena entrar em euforias. Mas uma alegria reservada e expectante, um “muito bem, vamos lá continuar”, um “estamos no bom caminho, tenhamos paciência”, acho que merecemos todos poder esboçar. Para ajudar, deixo aqui um link de um artigo recente do FT – que deve ter reparado. Mas para quem lhe tenha passado despercebido, aqui fica:
http://www.ft.com/intl/cms/s/0/b9f6334c-a8c1-11e1-a747-00144feabdc0.html#axzz1wTr5qy00
Bem hajam.
O Autor de
Antologia de Ideias
http://antologiadeideias.wordpress.com/
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