17 de Maio, aniversário dos Memorandos de Entendimento com a Troika.
Depois de um ano, mudamos de Governo, mas os problemas económicos ainda não estão resolvidos.
Estamos pior do que há um ano, certamente! Mas estamos melhor do que situação alternativa de não ter recorrido ao apoio externo.
A situação económica do país é complicada, com o aumento do desemprego, e a redução do rendimento disponível das famílias (que foram afectadas de três maneiras – redução de salários nominais, inflação e aumento de impostos). A emigração aumentou.
A capacidade de aguentar dificuldades da população portuguesa mostra-se na relativa paz social. Apesar de tudo, um certo consenso político sobre a necessidade de cumprimento do programa de ajustamento mantém-se. Alguns sinais positivos surgem, mas ainda demasiado escassos e ténues para se poder afirmar que o problema estrutural de falta de crescimento da economia está ultrapassado – é certo que as exportações estão a ocorrer a bom ritmo, teremos que esperar para ver se é permanente; é certo que a queda da actividade económica medida pelo PIB foi menor do que se previa, mas não deixa de ser queda.
As medidas do programa de ajustamento são muitas e umas mais complicadas que outras, só que mais do que aprovações formais, interessa saber os efeitos que vão produzir – pode ser mais pequeno ou maior do que se espera, pode ser no sentido desejado ou no sentido contrário. A economia é uma soma de muitas decisões individuais, que não são nem automáticas nem determinadas pelas vontades dos governos, de modo que há sempre incerteza sobre os resultados.
O primeiro objectivo, o de fazer a diferença para a situação grega, está a ser alcançado, infelizmente através do descalabro da economia grega (que não teve a capacidade de despertar capacidade exportadora) e do caos político que se instala. Não seria surpresa se acabasse em caos social (a corrida aos levantamentos bancários não augura nada de bom).
O segundo objectivo, consolidar as contas públicas, veremos mais perto do fim do ano, mas não será fácil.
O terceiro objectivo, lançar as condições para retomar um crescimento económico sustentado, é por todos desejado, mas com diferenças quanto ao rumo a seguir; o Memorando de Entendimento serve de baliza para uma abordagem mais estrutural. E se é esperado que funcione como factor de crescimento sustentável, não produzirá provavelmente resultados no imediato.
Para acompanhar os efeitos das medidas, há que usar indicadores bem definidos, e detalhar como devem ser interpretados. É a esse desafio que os estudantes da Nova estão a tentar responder aqui
17 \17\+00:00 Maio \17\+00:00 2012 às 20:40
Deus o oiça, Deus o oiça!
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29 \29\+00:00 Maio \29\+00:00 2012 às 17:27
Parabéns pela forma sucinta com que expôs o estado actual de coisas e os temas sobre os quais devemos reflectir, agora ap´´os um ano de memorando. Também “celebrei” este aniversário (do anúncio, no meu caso) no post “Crescimento e Austeridade” do Antologia de Ideias. Optei por uma leitura diferente que, já agora, convido, a si e quem queira, a comentar. Começa assim: “A alegada incompatibilidade entre austeridade e crescimento económico só pode estar relacionada com uma confusão entre relançamento da economia e relançamento *desta* economia.” Aqui fica o resto:
http://antologiadeideias.wordpress.com/2012/05/05/crescimento-e-austeridade/
Bem hajam e mais uma vez parabéns,
O Autor
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29 \29\+00:00 Maio \29\+00:00 2012 às 18:46
Obrigado pelo comentário e pela sugestão de leitura, interessante visão. E que precisamos de uma “nova” economia, precisamos.
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