Ricardo Reis, Universidade de Columbia: aqui
Numa recente sessão no Parlamento, surgiu uma confrontação entre o deputado João Galamba e o Governador do Banco de Portugal Carlos Costa sobre um termo técnico – crowding-out – a propósito do crédito à economia, com direito a texto escrito por João Galamba.
Ricardo Reis faz uma exemplar discussão dos argumentos usados. A ler.
11 \11\+00:00 Dezembro \11\+00:00 2011 às 20:55
O que é preocupante nesta discussão é que Galamba naquele momento era a voz do PS. E que não só não soube conviver com a gaffe, como demorou 3 dias para escrever um texto manipulatório, mal fundamentado e, mais uma vez, tecnicamente errado… 🙂
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12 \12\+00:00 Dezembro \12\+00:00 2011 às 02:59
No artigo do Ricardo Reis fica subententido que as actividades do BCE estão a retirar capacidade de financiamento aos bancos portugueses o que não me parece que seja o caso. Para simplificar vamos supor que um banco tem 10 de capital e financia-se em 90, 40 por obrigações de longo prazo, e 50 através do mercado de repo – isto é não aceita depósitos. Com estes fundos empresta a empresas domésticas 50 e outros 50 adquire dívida pública, esta última financiada directamente através do repo com um haircut de 0. Ora se a contraparte do repo passar a exigir um haircut de 10, o banco terá de abandonar o mercado de recompra ou, em alternativa, pode reduzir os empréstimos às empresas em 10. Se o banco central entra no mercado repo e apenas exige um haircut de 5, o impacto na redução do crédito é muito menor. A inclusão de depósitos na actividade deste banco não altera em nada esta análise.
Aliás, é neste sentido que racionalizo as propostas do próprio Ricardo Reis e colegas do euronomics quando defendem a criação das secured eurobonds, um activo que seria obviamente mais robusto que a dívida pública portuguesa aos humores dos depositantes no repo. Como tenho a certeza que o Ricardo Reis conhece este argumento (fortemente divulgado pelo Gary Gorton nos últimos 3 anos) talvez me esteja a escapar algo na sua análise.
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12 \12\+00:00 Dezembro \12\+00:00 2011 às 09:05
Bom, na realidade também a dívida pública era o único activo com ponderador zero que permite arbitragem “limpa” com o BCE, reforçando os resultados (e logo o capital) dos bancos o que permite mais crédito. Também me parece que a compra de dívida em mercado secundário (para que os fundos saiam directamente do país) é mais uma opção de gestão dos bancos que uma acção do Governo. É claro que isto deixa fora da discussão créditos a empresas públicas, municipais, etc e PPPs que não sei exactamente que ponderador têm mas que possivelmente não será zero. No entanto quanto à dívida pública parece-me que o efeito é mais complexo que o que quer o João Galamba quer o Carlos Costa (ou mesmo o Rocardo Reis) apresentam. João
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