A conferência realizada no dia 29 de Novembro teve várias intervenções fortes, desde logo a abertura pelo Presidente do CNECV, Miguel Oliveira da Silva, tocando diversos pontos importantes e sensíveis: contrato social da saúde, relevância de garantir a boa utilização de recursos (eficiência) como responsabilidade de todos, dando como exemplos a “histeria e fraude” na gripe A (se estou bem recordado das palavras usadas) e da “prescrição de fármacos desnecessariamente caros”, importância da ética no exercício público e no exercício privado da Medicina. Será um texto a ler, quando disponibilizado.
Alguns temas estiveram presentes mais do que uma intervenção: escolha de prioridades a ser feita com transparência e a transparência como imperativo ético, necessidade de novo modelo de estado social e a crise de valores (mais geral do que a crise financeira, mas englobando esta). Passou também por várias intervenções a questão da responsabilidade individual pela saúde e os comportamentos de estilos de vida, como forma de reduzir a pressão sobre os sistemas de saúde. A este respeito, não se pode deixar de dar atenção à intervenção de Vitor Malheiros, que desmontou o “mito da informação” – dar informação afinal não muda (facilmente) os hábitos, lançando a questão de saber se as pessoas têm informação relevante porque não mudam o seu comportamento? A resposta dada é que não são os dados que mudam os comportamentos, mas sim as histórias e as narrativas que se constroem.