O Serviço Nacional de Saúde em Portugal partilha algumas características importantes com o inglês, e olhar para o que se passa em Inglaterra é sempre útil.
Uma das propostas para o National Health Service inglês baseia-se na introdução de mais concorrência, que está no entanto longe de ser uma questão pacífica, ou alicerçada em evidência suficientemente forte para não haver contestação. Um aspecto é claro, a discussão promete ser quente. Encontra-se uma visão contrária às propostas do Governo inglês aqui, por uma das pessoas mais influentes na área da política de saúde em Inglaterra.
Esperemos que o nosso debate seja também baseado em contribuições de qualidade.
30 \30\+00:00 Outubro \30\+00:00 2011 às 07:45
Do ponto de vista do pragmatismo e da clareza da posição ( e ponderando sempre sobre ” se os meios justificam os fins” ou o “tradicional Vice Versa” e que ganha), fica-me sempre a mesma duvida para o caso Português, por comparacao: cultura de servico onde estas se, no meio da amalgama de publico privado em que se caiu, o que conta nas medidas propostas ( por comparacao com o NHS ) e a necesidade de estancar o esbanjar de dinheiros dos nossos impostos.
O nosso debate tem muito de ” saúdes” e nao tem historia de debate sem conflitos imediatos e jornalísticos baratos.Porque sempre pressionado por questões de curto prazo €, ou no outro extremo por visões utópicas, típicas de uma jovem democracia nascida num mundo em grande transição quase total.
Veremos se a ” nova Fundação SNS” permite redundar o debate.
Abraço roxo ( hoje com mais uma hora de leituras em atraso)
FVR
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31 \31\+00:00 Outubro \31\+00:00 2011 às 07:23
Culturalmente os ingleses estão muito mais preparados que Portugal para terem um NHS (por uma questão de tradicionalismo e orgulho nacionalista no bom sentido, pela forma benigna como se encara o conceito de public service e public servant e pela noção de apoio social exigível ao Estado, entre múltiplos outros factores).
No entanto, mesmo assim fazem os debates e experiências necessários, para além de terem mecanismos de acompanhamento, regulação e apoio à decisão muitíssimo mais eficazes.
Em Portugal o SNS é proporcionalmente mais caro que o NHS, funciona com organismos muitíssimo menos eficazes que os ingleses e num cenário de quase completo descontrolo orçamental. Enquanto povo, não temos perfil nem tradição de rigor no controlo da coisa pública para ter um SNS beveridgiano – foi uma opção ideológica tomada num momento muito particular da história e com a qual não temos sabido lidar.
Sob pena de o perdermos de vez, temos que ter coragem para refundar o SNS, mantendo a universalidade das coberturas, mas evoluindo num sentido marcadamente bismarckiano.
Este é um debate que deveria ter partido do relatório para a sustentabilidade financeira do SNS, mas que continua plenamente actual. Infelizmente, dificilmente será feito – é que paradoxalmente a mesma sociedade que alega defender o SNS com unhas e dentes prefere vê-lo evoluir para um modelo estatizado de coberturas parciais (com convive paralelamente com um circuito privado para onde progressivamente vão os melhores profissionais e ao qual só acedem os mais ricos) do que apostar numa reforma que permita manter o sonho vivo…
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31 \31\+00:00 Outubro \31\+00:00 2011 às 23:36
Caros,
A Fundação SNS poderá ser um espaço interessante para o debate e para a produção de conhecimento. Esperemos que o seja de uma forma construtiva e permanente.
O impacto destas iniciativas nunca é tão rápido para os seus proponentes pensam quando arrancam, nem tão pequeno como julgam quando desanimam.
Abraços
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